Deixem o “mesmo” descansar!

Houve um tempo em que o advérbio menos era usado erroneamente e sem moderação. Existiam “menas” pessoas nos lugares e “menas” meninas participavam do futebol. Quem não conhecia, de fato, a norma-padrão incorria nesse desvio para desespero de quem dominava as regras de concordância nominal. Ocorre que esse advérbio, invariável por natureza, cansou-se. Foram tantas as repreensões, tantos os protestos e os deboches, que ele acabou virando “meme” e já faz parte das funcionalidades do “Story Instagram” na redes sociais. Todos, agora, pensam duas vezes, antes de verbalizar ou escrever essa aberração vocabular. O “seje menas” viralizou para a nossa alegria.

No entanto, tenho visto avisos em aplicativos, em memorandos, em ofícios e (pasme) em peças jurídicas, o pronome demonstrativo “mesmo” sendo usado na retomada de palavras, como se fosse pronome pessoal. Um exemplo clássico desta inadequação é o aviso do “elevador com defeito que virou norma em um município paulista e motivo de piada entre os gramáticos:

 “Antes de entrar no elevador, verifique se o ‘mesmo’ encontra-se parado no andar”. O correto seria: “Antes de entrar no elevador, verifique se ‘ele’ encontra-se parado no andar.”

Acho muito deselegante corrigir o português mal escrito e mal falado de quem quer que seja. Dessa maneira, usarei deste espaço para fazê-lo com muita distinção e respeito.

Nunca retome palavras com as expressões “o mesmo”, “a mesma”, “os mesmos” e “as mesmas’, como na frase: “O aluno não fez a prova, pois o mesmo está gripado.” Além de tosco, o desacerto denuncia visivelmente uma falta de intimidade com a Língua Portuguesa.   

A verdade é que o “mesmo” está exausto! Ele quer virar “meme” também e se aposentar de uma vez por todas. Portanto, leitor amigo, deixe o pronome mesmo descansar! Amém?

Se liga na língua!

Beijo.