Um causo à parte / Memórias

O eclipse na Rua do Brejo

Estávamos jogando bola de gude na rua, quando de repente o sol começou a se enfraquecer. Aquela cor diferente tomou conta e foi ficando tudo escuro. Valdir surgiu no meio da rua e gritou: “Enfim chegou o dia do fim do mundo…” Logo o dia virou noite.

Bita, com seus olhos esbugalhados, saiu correndo pra casa. Zé da Durica espantado, foi refugiar junto à mãe. Mariazinha apareceu na janela com um terço na mão, rezando. Dona Ciloca, com sua sabedoria, apenas olhou para o céu e continuou com seus afazeres domésticos.

Antes de irmos embora, vimos o Sr. Boia rindo daquilo tudo com sarcasmo. Cheguei em casa morrendo de medo, fechei a porta e procurei minha mãe, que me acalmou: “Filho, é coisa da natureza, logo passa, o mundo só acaba para quem morre”, completou.

Mais tarde o fenômeno se desfez e tudo voltou ao normal. Em homenagem à vida. Sr. Martins colocou na vitrola um bolero, na voz de Nelson Gonçalves…

Bicas fenomenal…