Nicola Tempone e seus descendentes

Atto di Nascita di Tempone Nicola

Comune di Moliterno, província di Potenza, Basilicata, Italia.

Milleottocentoquarantanove, diciassette del mese di dicembre.

 

A partir desta certidão de nascimento começa a história de mais um italiano, NICOLA TEMPONE, imigrante que viveu e deixou descendência na cidade de Bicas, conforme conta Walter Ferreira (Tempone) da Cunha, walterfcunha@gmail.com, um dos seus muitos bisnetos, em sua monografia “Imigrantes Italianos de Moliterno em Bicas – A história de Nicola Tempone”, Rio de Janeiro (RJ), 2016.

E com este artigo começa uma nova etapa na vida do Jornal O Município. Agora, Online.

Mas antes de entrar pela história de Nicola vale a pena lembrar que o número dos italianos que vieram para as Américas na mesma época e até um pouco depois de Nicola foi surpreendentemente grande. Segundo Thomas Sowell, citado pela historiadora da vizinha cidade de Astolfo Dutra,  Rosalina Pinto Moreira em seu livro “Imigrantes….Reverência”, Ed. O Lutador, Belo Horizonte, 1ª edição, 1999, pág. 24, foram “doze milhões de italianos que emigraram, principalmente para as Américas, no maior êxodo de um povo na história moderna”.

E vieram, como também veio Nicola, atraídos principalmente pela possibilidade de adquirirem terras para o cultivo, pela oportunidade de vencerem em alguma outra atividade ou, simplesmente fugindo da fome que graçava numa Itália mergulhada em grande crise .

Segundo Walter, Nicola nasceu em Moliterno, região da Basilicata, no sul da Itália, no dia 17.12.1849, filho de Vincenzo Tempone e Serafina Albano. Ainda em Moliterno, em 04.07.1874, casou-se com Caterina Lavecchia, filha de Ângelo Lavecchia e Rosa Latorraca. Ele com 24 e ela com 17 anos. E sabe-se que o casal teve uma filha, Serafina, que teria falecido perto dos três anos de idade.

Mesmo não tendo ainda conseguido informações precisas sobre o falecimento de Caterina, Walter registra que Nicola, na condição de viúvo, casou-se uma segunda vez, possivelmente na América do Sul, com Rita Casabage.

O que se tem de certo é que, acompanhado do pai Vincenzo e da esposa Rita, Nicola embarcou no porto de Buenos Aires, Argentina, em 13.08.1886, pelo vapor Roma e chegou ao Rio de Janeiro (RJ) a 24 de agosto do mesmo ano, conforme consta do livro nº 20, pesquisado pelo professor Júlio C. Vanni. As razões pelas quais ele veio da Argentina, um porto mais ao sul do continente, ainda não foram devidamente esclarecidas e está pendente de novas pesquisas, assim como as circunstâncias e o local do seu casamento com Rita Casabage.

Interessante observar, ainda, que Vanni guardou anotação do livro nº 25 onde consta a chegada em 31.12.1887 do navio Marco Unghetti, trazendo um Vincenzo Tempone acompanhado de Domenico e Nicola Lanza, e Vicenzo Lagrota, todos encaminhados para Minas Gerais, possivelmente para Bicas ou Pequeri. Guardou, também, a informação do livro nº 48, onde ele encontrou um grupo formado por Michele, Giacomo e Vicenzo que chegou no dia 31.10.1890, pelo navio Bearn, que trouxe ainda Giuseppe e Guglielmina Croce e, Francisco Casella, todos com destino a Minas Gerais.

O casal Nicola Tempone e Rita Casabage tiveram uma única filha de que se tem notícia até agora, Nicolina Tempone, avó de Walter.

Esta filha, por volta de 1914 considerando o nascimento do seu primeiro filho, casou-se com o ferroviário da E. F. Leopoldina, Antonio Pedro da Cunha (1893 – 1968), cujo nome é lembrado na travessa que liga as ruas Arthur Bernardes e Morvam Dias de Figueiredo (Rua da Caixa), conforme a Lei nº 955, de 22.06.95. Este, filho de Antonio Pedro Ribeiro e Delfina da Conceição.

Nicolina e Antonio Pedro tiveram os filhos: Antonio Pedro da Cunha Filho (03.06.1915 – 28.05.1983) casado com Geralda Ferreira da Cunha (27.02.1920 – 16.10.2008); Nicolau Pedro (1917) c.c. Francisca Muniz; Maria da Glória (1918); Vicente de Paula (1923) c.c. Adalgiza Crecembeni; e, Miguel Archanjo (1925) c.c. Neuza Cortat, casais que viveram em Bicas e deixaram descendentes que hoje estão espalhados por diversos pontos do país.