A GRANDE DAMA:  D. Zélia Monteiro da Silva Rebouças

D. Zélia Monteiro da Silva Rebouças

Uma cidade não se destaca apenas pelo seu progresso material. Por vezes isso até não acontece. Seu nome e legenda vêm à tona devido à qualidade de homens e mulheres que a habitam ou ali nasceram.

Bicas tem sido pródiga de figuras admiráveis, que venho revelando para lição e exemplo às gerações. Pessoas que deixaram marcas profundas nos diferentes segmentos sociais, contribuindo para nossa emancipação cultural e política. Ainda agora vou lhes contar em traço sucinto a bela trajetória de uma criatura singular, que em singeleza e recato, foi inspiração e força de um dos maiores prefeitos de toda nossa história.

Que outra credencial lhe faltaria para colocá-la entre os vultos que influenciam, decidem e mudam o curso dos acontecimentos? Algum tempo atrás, mandamos rezar missa pelo centenário de nascimento de meu pai. Para nosso conforto e emoção, fomos surpreendidos pela sua presença na igreja. Fizemos uma cerimônia simples, íntima, sem convite, com a participação apenas de familiares. Mas fomos vistos ingressando no templo. E isso bastou para que tivéssemos entre nós num gesto comovedor de carinho essa grande dama.

Presente em todos os momentos da vida biquense, nos lançamentos de meus livros “Por que matei o padre” e “A culpa dos inocentes”, ela estava lá, incentivadora.

A professora Zélia Monteiro da Silva Rebouças é mãe orgulhosa de Angélica, a vitoriosa odontóloga e brilhante colunista, que marca radiosa presença na sociedade de Juiz de Fora. O outro filho Amílcar, engenheiro talentoso, de consagrados trabalhos, tornou-se desde cedo um profissional respeitado.

Filha de Matheus Monteiro da Silva, o saudoso querido Dr. Matheus, dentista de quase toda Bicas, no seu tempo, líder católico e destacado homem público. Zélia manteve intacto ao longo dos anos todos esses altos valores de convívio humano, que recebeu e soube transmiti-los com firmeza e ternura.

Quando existe tanta contrafação, o vazio da futilidade, a frieza mesquinha dos omissos, é justo e didático destacar as virtudes soberanas que ornamentam o caráter participativo de Zélia Monteiro da Silva Rebouças. A caminhada de uma comunidade por melhores dias passa necessariamente por pessoas de espírito superior, criaturas como Zélia, que sabem imprimir na conduta de um ideal, a grandeza da mulher, o calor humano do companheirismo, que doa e enriquece mentes e corações.

(Publicado no jornal O MUNICÍPIO, de 31 janeiro de 1994)