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Túnel do tempo

Na nossa vontade aventureira, ficávamos remoendo até achar algo interessante para nos manter ocupados durante o dia. A atividade da vez, foi uma dica do Gá; aliás, ele era danado pra ter boas ideias. Segundo o seu planejamento tático, nós iriamos explorar os túneis da fábrica de caulim, que ficava lá atrás do Morro do Cruzeiro, se não me engano, nas terras do Horácio Machado. 

Na preparação de expedição, além de cantil e lanche, carregávamos também outras tralhas; entre elas, as latas de querosene Jacaré, com alças de arame e tocos de velas dentro, que seriam nossas lanternas para iluminar a escuridão dos labirintos internos.

Duca foi convidado e desconversou. Uma equipe de uns dez desocupados, parecendo pesquisadores arqueológicos, seguiu morro acima… Depois de uma subida “daquelas”, viramos o morro e chegamos na entrada principal do túnel, acendemos as “lanternas” e começamos a exploração.

À medida que íamos entrando, a escuridão vinha junto com a adrenalina. Também, o medo começava a saltar aos olhos. Bita tremia mais que vara verde… Zé da Durica queria voltar… Eu ficava sempre perto de alguém…

Atravessamos algumas encruzilhadas, vimos aqueles carrinhos que transportavam o minério e tal. De repente, numa área mais larga e cheia de teias de aranha, apareceu um vulto: era um pano branco se movendo e dando uns grunhidos estranhos.

O clima ficou mais fantasmagórico com os ecos naquele lugar macabro. Foi um Deus nos acuda! Largamos nossas coisa para trás e saímos em disparada… Quando estávamos lá fora descansando, Duca veio em nossa direção morrendo de rir com o pano branco na mão. Xingamos, esbravejamos e tudo mais… Bicas assombrosa.