Meio ambiente, política e sociedade: os males do Brasil na contemporaneidade dos fatos

Cuidar do ambiente em que vivemos é além de básico, uma atitude essencial para se ter as condições mínimas necessárias a uma vida com asseio e salubridade. Diante de tal afirmação e frente às recentes manifestações em favor do meio ambiente pelo mundo, expomos alguns elementos fundamentais para trazer a temática mais próxima à nossa realidade e contexto.

Difícil encontrar algum cidadão brasileiro que não tenha presenciado no decorrer dos últimos dias uma onda maciça de manifestações em favor da Amazônia e contra o presidente da República. Estranho, porém, que tal movimento revela uma tentativa desenfreada de atribuir a uma única pessoa tudo o que acontece de ruim em um país. Quando os pastos de nossa cidade pegam fogo, ninguém culpa o prefeito. Mas se a Amazônia está em chamas, a culpa é do presidente homofóbico, fascista e possuidor de todos os demais adjetivos depreciativos que lhe são atribuídos por uma esquerda desesperada.

O meio ambiente com toda a certeza merece a devida atenção e cuidado. Porém, este não diz respeito somente aos quilômetros de hectares de florestas, nem aos animais ameaçados de extinção. O meio ambiente nada mais é do que o ambiente do meio em que vivemos. E como temos cuidado do nosso próprio meio? Já reservaram um tempo, por menor que seja, para avaliar o nível de limpeza da rua em que mora? Ou mesmo de sua própria calçada? Você costuma recolher as embalagens que encontra pelo caminho para jogá-las na lixeira mais próxima? Separa o lixo corretamente e o acondiciona em recipientes adequados para o descarte? Tais perguntas são importantes para que possamos traçar um perfil de nós mesmos como agentes modificadores do ambiente em que estamos inseridos.

Quem necessita se deslocar atualmente para a cidade de Juiz de Fora, com certeza se surpreende com o nível de poluição apresentado pelo rio Paraibuna. Hoje ele não passa de um defunto em decomposição exalando um odor insuportável por toda a sua extensão. Suas águas escuras mais parecem petróleo. Descaso público? Descaso também da população que insiste em demonstrar tremenda deseducação e persiste atirando todo tipo de objetos (inclusive sofás) e rejeitos em suas águas. Neste momento, encontra-se em construção no bairro Granjas Bethel uma estação de tratamento de esgoto, que promete minimizar os impactos negativos no Paraibuna em até 60%. Pena que a obra está atrasada. Culpa do presidente? Não… creio que não.

Em Bicas, o horto florestal finalmente adquiriu aspecto de parque sob cuidados de preservação durante a administração 2013/2016. Anteriormente o espaço chegou a ser utilizado, inclusive, como transbordo de lixo e destino de entulho. Fato que contrastava terrivelmente com a essência do lugar, onde se podia ver carcaças de grandes lixeiras dizendo “ajude a manter a sua cidade limpa”, em meio a toda uma bagunça dos mais variados descartes. Tudo culpa do presidente! Ops!… Nessa época a “presidenta” era a Dilma. E se era ela, então é por que ela era ela e então não havia nada de errado. Pois se tivesse teria, e assim, não estaria certo. Não entenderam nada, não é mesmo? Não se preocupem. Tudo não passou de um artifício para relembrar os memoráveis e cômicos discursos de nossa antiga representante. Que Deus a tenha!

Novamente, percebemos que o problema do Brasil é cultural. As pessoas reclamam do que elas próprias fazem sem notar que sua parcela de culpa aumenta a cada dia que passa. Nossas ruas são imundas e ninguém se preocupa se aquele lixo vai parar na porta de outra pessoa na primeira chuva forte que cair. Insensatos incendeiam pastos por pura vontade de prejudicar o coletivo e sequer se sensibilizam com aqueles portadores de distúrbios respiratórios. Mas a Amazônia é o pulmão do mundo! Tá… mas como ficam e os nossos pulmões aqui na zona da mata mineira? Caminhar sobre as mais diversas embalagens é super normal para você desde que as florestas estejam preservadas?

Ao levantar tais indagações, a intenção não é a de promover uma apologia ao desmatamento, muito menos aos incêndios criminosos. Pelo contrário. São ilegais e devem receber a devida punição com os rigores máximos da lei. No entanto, chamo a atenção para a incoerência humana em suas mais diversas necessidades e interesses.

Desde quando iniciei minha caminhada como colaborador do jornal O Município, tenho repetido por diversas vezes que o problema do Brasil é cultural. Se somos corruptos, é porque fomos “educados” desde criança que o jeitinho brasileiro faz parte de nosso DNA. Se somos “porcos”, é porque alguém um dia disse que jogar lixo no chão gera emprego para lixeiros. Se somos pobres e não buscamos qualificação para alterar nosso padrão de conforto, é porque um certo presidente plantou no inconsciente coletivo que ricos são pessoas más e que basta ter uma penca de filhos para que uma esmola mensal lhe seja garantida.

Vemos defensores ferrenhos do socialismo com a carteira cheia de dinheiro e incapazes de dividir com seus pares uma parcela que seja de seus rendimentos. A culpa é do capitalismo! Ora, se dinheiro faz tão mal assim, por qual motivo então não compartilham o que lhes está sobrando?

Falar de meio ambiente, política e sociedade em um único texto pode ser um tanto confuso e enfadonho. Contudo, tais elementos estão intimamente ligados até a mais primária de suas raízes. Os grandes países do globo discutem sobre meio ambiente muito mais por uma questão geopolítica do que por qualquer outra coisa. Se preservar o ecossistema fosse de fato uma prioridade para eles, não teriam degradado seus próprios territórios. Então não devemos preservar o nosso país também? Claro que devemos! Mas também devemos ter bom senso e inteligência.

O grande mal do brasileiro é o de ter se especializado em ser unicamente um receptor de informações, absorvendo tudo o que lhe é apresentado, seja verdade ou mentira, de modo que nada passe por um filtro sequer de raciocínio lógico. Conduzido por caminhos como uma marionete manipulada pelo seu operador, serve ao seu amo como uma verdadeira ovelha pertencente a um rebanho controlado por lobos travestidos de bons pastores. Conforme citado no artigo anterior, a felicidade em ver o barco do qual faz parte naufragando é tão grande, que fazem o possível e o impossível para que tal desastre de fato se efetive. Do Rio Amazonas à Baia de Guanabara, não importa quão pura ou duvidosa seja a água na qual iremos afundar ou boiar, desde que o mergulho esteja garantido. Pobre nação.