Um causo à parte / Memórias / Ô dona Maria

Ô dona Maria

Quando não existiam para nós produtos orgânicos, uma carrocinha recheada deles já desfilava pelas ruas de Bicas, vendendo-os de porta em porta.

Hoje, isso é luxo só… Quando Tamaduro apontava em qualquer esquina de qualquer rua, era motivo de alegria e satisfação, alegria para nós que adorávamos seus bordões: “Dona Maria!!! Mamão, banana e tomate tá maduro, venha ver como tá bonita a mandioca do Tamaduro! Moça bonita não paga, mas também não leva!”, bradava ele.

Umas beatas riam, outras, torciam os narizes, mais ele prosseguia: “Abóbora putaiada” (por talho).

Nós, sentados na ponte, ríamos pra valer… Nunca soube o nome verdadeiro daquele mulato forte e pau para toda obra. Vendia verdura de manhã, e, à tarde, pegava seu machado e ia rachar lenha, na cooperativa, ou na casa de alguém. Sempre com disposição e bom humor…

Um personagem que sempre alegrou o dia a dia de nossas vidas, numa época ingênua…

Bicas natureba!