Pêsames, más escuchame mucho

Direciono minha mais sincera solidariedade à família dessa cidadã, Marielle, visto que para  pai, mãe, irmãs, filha, companheira, a  dor  da  perda  é tão  incalculável  quanto  infindável.  Toda perda humana é irreparável, porquanto, todo ser é único.  Porém, passados 12 (doze) dias do assassinato da  vereadora  pelo PSOL,  no  município do  Rio de Janeiro, Marielle Franco,  visto  várias  informações  que  vieram  à  tona,  seja  por  declaração  de  autoridades,  correligionários dela,  na  mídia  oficial,  na  televisão,  em  colunas,  sites,  no  face, etc, sinto-me  mais  à  vontade  para  tecer  minhas  intuições  sobre  o  brutal  fato,  tanto  quanto  me  sinto  mais  embasado, pois  até  o  fato  ocorrido,  eu  nunca  ouvira  falar  sobre  Marielle.

Conforme noticiou uma colunista, a desembargadora Marilia Castro Neves, do Rio de Janeiro, acusou as esquerdas de querer converter o nefasto ocorrido em palanque  político. Drª Marilia combatia a narrativa da extrema esquerda de que Marielle era uma “lutadora dos direitos humanos e líder de uma população sofrida”, acrescentando que ela “foi eleita por uma  ‘Facção Criminosa’ e descumpriu ‘compromissos’ assumidos com seus apoiadores”. E vaticinou: “Ela, mais do que qualquer outra pessoa ‘longe da favela’, sabe como são cobradas as dívidas pelos grupos entre os quais ela transacionava.” Até nós sabemos disso.

Mas não foi só a Dra. Marília que aventou tal hipótese.  Em menos de 48 horas após a execução da vereadora, a versão que circulava em todas as áreas de favelas (local onde o mundo real acontece), era praticamente  consenso:

“O crime tem autoria e motivação bem definidos.”

Basicamente, o que se comenta é que Marielle teria sido vítima de represália ao seu  posicionamento,  de  ter  saído em defesa da Comunidade  de  Acari,  que  é controlada por  adversários  daqueles  da  sua  origem.  Alguns dias atrás, a vereadora denunciou “abusos” das forças armadas naquela comunidade. O simples fato de ela sair publicamente em defesa de uma comunidade controlada por uma facção rival já é motivo bastante para provocar ira, sendo tal postura considerada uma traição de morte, no código de “honra” das organizações.

Só que, no meio de tanta invencionice e discussões no momento errado, agora, o nosso esforço para desmascarar a narrativa plantada pela hegemonia dominante será muito maior. Nos resta, portanto, pressionar todos os veículos de comunicação, OAB, entidades de Direitos Humanos, ONGs, e todos os seus representantes públicos, para manterem o mesmo empenho na apuração dos fatos, ainda que seja confirmada a hipótese de acerto de contas entre facções, bem como o envolvimento do PSOL no recebimento de valores oriundos do tráfico. Vamos ver se essas entidades terão a dignidade de se retratarem publicamente, retirando essa morte do colo das forças de segurança.

A verdade é que jamais saberemos ao certo o que determinou a morte da vereadora, mas temos certeza de que seu comportamento, ditado por seu engajamento político, foi determinante para seu trágico fim.  Drª Marilia fez  questão de  frisar  que sua questão não era  pessoal,  que  estava  apenas  se  opondo à politização da morte da  vereadora, e  que apenas  havia  dado a sua opinião como cidadã,  já  que  não  atua  na  área  criminal.

Porém, a minha questão, se não um viés, tem  pelo  menos  um  enfoque  mais  pessoal,  pois,  recentemente,  a  médica  Gisele Palhares Gouveia,  de 34 anos,  foi  assassinada  na  Linha Vermelha,  com  dois  tiros  na  cabeça,  após  uma  tentativa  frustrada  de  assalto.  Essa sim,  podemos  afirmar  que  devotava  sua  vida,  como  ‘médica’  que  era, a  salvar  outras  vidas,  muitas  das  quais,  vítimas  dos  políticos  que  escorcham  as  verbas do erário  público,  que  deveriam  ser  destinadas  à  saúde,  ou  dos  financiadores  ocultos  de  certas  campanhas,  com  suas  ações  cotidianas  de violência.

Além do mais, Drª. Gisele Gouveia, apesar de ser mulher, não  era  feminista,  não  se auto- apregoava ser  negra  ou  favelada  e  não  divulgava  frequentar  os  círculos  LGBT,  assim  como  não  militava  em  partidos políticos  como o PSOL,  nem  movimentos  ‘sociais’,  tipo: MST, CUT,  assim  como  não  estava amparada  em  nenhum  programa  ‘social’  ou  ‘de  cotas’  do  governo.  Enfim, Drª. Gisele não preenchia nenhum requisito básico que a fizesse  merecedora de ‘comoção/mobilização (inter)nacional’, nem tampouco atenção do  pessoalzinho  dos ‘Direitos Humanos’. Resumindo, Dra. Gisele era assim como eu e  você: “ninguém”!

Notas

1) A vereadora Marielle tinha sua plataforma de lutas  montada  sobre a  base pentagonal de: ‘mulher, negra, favelada, homossexual e esquerdista, além de  ter  um  grito  de  guerra: “Lugar  de  mulher é  onde  ela  quiser!!!”

Pergunto eu, então:

l) Caso eu venha a me candidatar a alguma coisa, poderia eu lançar uma plataforma dizendo: “Sou homem, branco, moro em um condomínio de classe média, sou heterossexual e direitista.”

ll) Em alusão ao ‘Grito de Guerra’, “Lugar de mulher é onde ela quiser”, altamente premonitório e intuitivo, não?

2) Recentemente, a simpaticíssima  ‘Procuradora-Geral da República’, Drª. Raquel Dodge,  andou  aventando  desarquivar  o  inquérito  que  tentou  apurar  a  morte do  Deputado  Rubens Paiva. Extremamente plausível, assim como o do jornalista  Vladmir Herzog, e  tantos  outros  que  morreram  simplesmente  por  fazer  uso  de um  dos  mais  básicos  direitos  de  um  cidadão,  sendo  precedido  apenas  pelo  de  ‘ir e vir” – o de manifestar  livremente  seus  pontos de vista – . Nada a ver  com  os  guerrilheiros  que  pegaram  em  armas  e  promoveram  o  caos,  através  de  assaltos, sequestros  e  mortes: Dilma Roussef, Aloysio Nunes, Fernando Gabeira,  José Genoíno,   Carlos’s  Lamarca & Marighella,  Stewart Angel.

3) Sugiro, então,  a essa  combativa  ‘Procuradora’, assim  como  ao  brilhante  Ministro  de “Tanta Coisa”,  Raul  Jungman, que  além  dos  já  classificados  como  plausíveis,  também  se  detivessem  com  afinco,  nos  inquéritos  que  já  quase  desvendaram  as  mortes:  do  ‘Soldado’  Mário Kozel  e,  um  bem  mais  recente,  o  do  prefeito  assassinado  de Santo André, Celso Daniel,  além de  um  cuja  alma ainda  nem  teve  a  missa  de  01 ano, o  da  Drª.  Gisele Palhares Gouveia.

Réquiem in pax terra.