Insultos de Natal

O indulto

Quando, ao elaborar na semana passada, minha modesta colaboração para com o nosso conterrâneo periódico, abordei inicialmente a definição de “Indulto” para depois fazer uma brincadeira com vocês, de que: “iria indultá-los” – temporariamente – do foco usual de meus textos com viés político”, jamais poderia imaginar que,  qual  quiromante  ‘ultravidente & sortuda’, estaria prevendo o tema que ribombaria  ao longo da semana  nas mais diversas mídias, e, em escala Continental .

Do peru!

Acusado de receber propina da construtora brasileira Odebrecht (sempre ela),  enquanto era ministro de estado,  para favorecê-la em licitações estatais, o hoje presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski,  em meio ao menor nível de popularidade de seu governo, ainda  sobreviveu  quase  que ‘por um milagre’  de ser afastado do cargo pelo Congresso do país.  Sua saída parecia iminente: eram necessários 87 votos para a destituição em um Parlamento com 130 membros, no qual apenas 18 integram o partido do presidente.

Com apenas 17 meses no cargo (de um mandato de cinco anos), ele parecia estar com o afastamento garantido, no último minuto, porém, um grupo parlamentar de esquerda, crítico do governo, decidiu deixar o Congresso sem votar. Ainda mais surpreendente é que a posição até então unificada do grupo ligado às políticas e à ideologia do ex-presidente Alberto Fujimori e que lidera o principal partido da oposição, o Força Popular – foi quebrada – isso porque  membros-chave do partido não apoiaram a destituição de Kuczynski.

Acontece que o presidente do Congresso faz parte do “Força Popular”, ao qual pertence Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, condenado por corrupção e crimes contra a humanidade.  O congressista Kenji Fujimori, irmão de Keiko, também decidiu não apoiar o impeachment de Kuczynski. Durante o curto intervalo de tempo entre o pedido de impeachment e o debate sobre o tema, houve negociações de ofertas políticas concretas, como: fazer parte de um novo gabinete ministerial e, apenas 14 horas depois de iniciados os trabalho do Congresso peruano, o placar eletrônico terminou com um angustiante veredicto: oito votos de diferença impediram a queda do presidente.

Por uma incrível coincidência, menos de 72 horas depois de Kuczynski salvar a própria pele, concedeu indulto humanitário ao ex-presidente peruano, Alberto Fujimori (79 anos), pai de  Keiko e Kenji, que se encontrava preso desde 2009, acusado por escândalos de corrupção e  de violação dos direitos humanos, tendo renunciado e se auto-exilado no Japão por cinco anos.

Cá, como lá

Mal explicado o milagre e, omitindo-se o nome dos Santos, muitos pensariam que esse  enredo todo aí de cima  teria  tido o Brasil  como  cenário.  Nosso ilustre chefe do executivo, também, andou beirando por “Duas Vezes” (bem) consecutivas, não só o risco de ser despejado do poder, como também, na sequência, ser investigado, talvez (?), virar réu e vir a ser agraciado com um título do “Clube Recreativo da Papuda”.  Para não cumprir esse ritual nada glorioso, o que não faltou foram peripécias, impressionantemente, parecidas com as do seu colega do país vizinho.

Com algumas diferenças, tão paralelas, que acabam por se encontrar no infinito, o risco de ter sua trajetória, nada digna, desviada para o Palácio da Papuda, igualmente ao seu colega vizinho, se prende ao fato de receber propina – uma tão gorda quanto vitalícia mesada – de empresa (aí deu uma variadazinha), “JBS”, com direito a um dos áudios mais famosos e “viralizados” de 2017 – ”tem que manter isso aí, viu? – e vídeo de um ridículo e subserviente  “amarra-cachorro”, dando uma corridinha saltitante, que promete ser páreo até para a de “São Silvestre”,  mas a contrapartida retorna para o universo das congruências – favorecê-la em licitações estatais.

Aqui também o presidente não tem os congressistas na mão, prefere  mantê-los no bolso,  que aliás, também é o local preferido desses senhores, facilmente reembolsáveis.  O temerário  habitante  –  por enquanto – do palácio do Jaburu, parece nome personalizado – também está beirando os 17 meses no poder, sendo que, no  quesito  “índices de aprovação” perde de lavada para  o Sr. Kuczynski – apenas 1/3 = 0,3333…..% da do colega.

Então, creio eu que, para  empreender  uma melhora no “ranking”  das  falcatruas, apelou para um  “Jogo” que, de tão  tradicional,  entrou para o calendário da Constituição Federal em forma de decreto, o   jogo do  “INDULTO”.  Porém, Michelzinho entrou em campo com a bola debaixo do braço, gritou e xingou  o (a)  Juiz (a),  de quem  arrebatou  os cartões assinaladores  de penalidade, vermelho e amarelo, distribuiu  o  “bicho”  para  os  integrantes do time adversário, já no gramado, e proferiu as regras: “Não tem lateral… Quem busca a bola no mato é quem a chutar e, do pescoço pra baixo é o dedinho!  E,  assim dizendo,  anunciou o início de uma das mais avacalhadas peladas da várzea do Planalto, na qual todos, e quaisquer  resquícios de lei da Federação,  foram literalmente para o banco de reservas.  Os requisitos a serem cumpridos para se poder participar do “racha”  deste ano, foram  esculhambados as últimas inconsequências, nessa  “pelada”  de fim de ano. Ao contrário das  anteriores,  não se exigia, aliás,  não havia sido estabelecido um período de  frequentação  máximo no Clube da Papuda”, sem contar que o tempo decorrido de associação  do “peladeiro”, havia sido reduzido de 1/4 para  1/5, em se tratando de “atletas” que não fossem reincidentes (?).  A propósito, avacalhar essa pelada de fim de ano já é marca registrada  do  “Michelzinho Ruim de Bola”, esse último quesito – o tempo decorrido  de associação  do “peladeiro” – já   havia sido reduzido de  1/3  para 1/4 na do ano passado.

Placar imoral

Faltou combinar com o (a) Juiz (a), pois os Russos já mostraram seu desapreço pelo  líder temerário quando de sua ida a Moscou.

Precisa parar com isso aí, viu?