Carnaval, cultura p’rapular

Histórico

O embrião do que hoje é o ritmo musical que conhecemos por “samba”, foi intercambiado para o Brasil ainda no período colonial, sendo que suas raízes foram fincadas em solo brasileiro com a chegada da mão de obra afro-escravizada em nosso país, sendo, portanto, um estilo que provém da fusão entre as duas culturas (africana X brasileira).

Inicialmente, as festas de danças dos negros escravos na Bahia eram chamadas de “semba”. Há controvérsias sobre a origem desta palavra, mas provavelmente advém do termo africano “semba”, que significa “umbigada”. Seria então, a dança da ‘umbigada’, em referência aos movimentos requebrados do quadril e do abdômen.

A manifestação durante muito tempo foi considerada um estilo de música e dança criminalizado e visto com preconceito, devido às suas origens negras. Hoje, o samba está presente em todas as regiões brasileiras, modificando-se e adaptando-se conforme o local, sendo que os mais conhecidos são: o samba carioca (RJ), o samba da Bahia, o samba paulista (SP) e, com as devidas adequações, o samba mineiro. Assim, dependendo do estado, modificam-se os ritmos, as letras, o estilo de dançar e até mesmo os instrumentos que acompanham a melodia. Com o passar do tempo, o samba foi conquistando o público em geral e adquirindo um lugar de destaque entre os principais elementos da identidade cultural brasileira.

Pintura de Rugendas que revela as origens do samba no país, o qual era praticado pelos negros africanos

Cronologia e principais tipos de samba

O primeiro samba gravado no Brasil foi “Pelo Telefone”, em janeiro de 1917, cantado por Baiano. A letra deste samba foi uma composição coletiva com a participação de João da Baiana, Pixinguinha, Donga, Almirante e outros músicos que frequentavam a casa da Tia Ciata, no Rio de Janeiro. Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos) o havia registrado, na Biblioteca Nacional do Brasil, em 27 de novembro de 1916.

Samba de roda: o samba de roda está associado a cantigas ligadas a esportes como a capoeira e à religiosidade em cultos aos orixás. Essa variante de samba surgiu no Estado da Bahia no século XIX, caracterizado por ter seu ritmo marcado por palmas e cantos, no qual os dançarinos bailam dentro de uma roda.

Samba-canção: o samba canção, embora tenha surgido na década de 20 no Rio de Janeiro, veio a se popularizar efetivamente no Brasil apenas nas décadas de 1950 e 1960. Esse estilo é caracterizado por músicas românticas e ritmos mais lentos.

Samba-enredo: associado ao tema das escolas de samba, o samba-enredo/samba-de-enredo é caracterizado por apresentar canções com temáticas de caráter histórico, social ou cultural. Essa variante de samba surgiu no Rio de Janeiro na década de 30 com o desfile das escolas de samba.

Obs: Outro dado que contribuiu com a difusão do samba, é que na década de 1930, as estações de rádio, em plena expansão de concessões pelo Brasil, passam a tocar os sambas para os lares. Os grandes sambistas e compositores desta época são: Noel Rosa, autor de Conversa de Botequim; Cartola, de As Rosas Não Falam; Dorival Caymmi, de O Que É Que a Baiana Tem?; Ary Barroso, de Aquarela do Brasil; e Adoniran Barbosa, de Trem das Onze. Tempos depois, o samba toma as ruas e espalha-se pelos carnavais do Brasil. Nesse período, os principais sambistas são: Sinhô, Ismael Silva e Heitor dos Prazeres.

Samba-exaltação: o marco inicial desse estilo de samba é a música “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso (1903-1964), lançada no ano de 1939. Caracterizado por letras que apresentam temas patrióticos e ufanistas.

Samba de gafieira: esse estilo de samba é derivado do maxixe e surgiu na década de 40. O samba de gafieira é uma dança de salão, onde o dançarino conduz a dançarina acompanhados por uma orquestra com ritmo acelerado.

Samba de breque: esse estilo tem momentos de paradas rápidas, onde o cantor pode incluir comentários de caráter crítico ou humorístico. Um dos mestres deste estilo foi Moreira da Silva.

Sambalanço: surgiu nos anos 50 (década de 1950) em boates de São Paulo e Rio de Janeiro. Recebeu uma grande influência do jazz. Um dos mais significativos representantes do sambalanço é Jorge Ben Jor, que mistura também elementos de outros estilos.

Samba de partido alto: com letras improvisadas, falam sobre a realidade dos morros e das regiões mais carentes. É o estilo dos grandes mestres do samba. Os compositores de partido alto mais conhecidos são: Moreira da Silva, Martinho da Vila e Zeca Pagodinho.

Samba carnavalesco (Marchinhas): sambas feitos para dançar e cantar nos salões de bailes carnavalescos. Exemplos: Abre alas, Apaga a vela, Aurora, Balancê, Cabeleira do Zezé, Bandeira Branca, Chiquita Bacana, Colombina, Cidade Maravilhosa, entre outros…

Obs: aqui fazemos nova menção ao samba canção que, conforme já dissemos, embora tenha surgido na década de 20, no Rio de Janeiro, veio a se popularizar efetivamente no Brasil apenas nas décadas de 1950 e 1960, tendo influenciado profundamente a bossa nova e a MPB.

Pagode: essa variante do samba surgiu no Rio de Janeiro na década de 70, a partir da tradição das rodas de samba. Caracterizado por um ritmo repetitivo com instrumentos de percussão acompanhados de sons eletrônicos.

Obs: outras variantes do samba são: samba de breque, samba de partido alto, samba raiz, samba-choro, samba-sincopado, samba-carnavalesco, sambalanço, samba rock, samba-reggae e bossa nova.

Nas décadas de 1970/80, começa a surgir uma nova geração de sambistas. Podemos destacar: Paulinho da Viola, Jorge Aragão, João Nogueira, Beth Carvalho, Elza Soares, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Chico Buarque, João Bosco e Aldir Blanc, Zeca Pagodinho, Clara Nunes, Diogo Nogueira…

Outros importantes sambistas de todos os tempos: Elton Medeiros, Lupicínio Rodrigues, Aracy de Almeida, Demônios da Garoa, Isaura Garcia, Candeia, Elis Regina, Nelson Sargento, Wilson Moreira, Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim e Lamartine Babo.

Os tipos de samba mais conhecidos e que fazem mais sucesso são os da Bahia, do Rio de Janeiro e de São Paulo. O samba baiano é influenciado pelo lundu e maxixe, com letras simples, balanço rápido e ritmo repetitivo. A lambada, por exemplo, é neste estilo, pois tem origem no maxixe.

Já o samba de roda, surgido na Bahia no século XIX, apresenta elementos culturais afro-brasileiros. Com palmas e cantos, os dançarinos dançam dentro de uma roda. O som fica por conta de um conjunto musical, que utiliza viola, atabaque, berimbau, chocalho e pandeiro.

No Rio de Janeiro, o samba está ligado à vida nos morros, sendo que as letras falam da vida urbana, dos trabalhadores e das dificuldades da vida de uma forma amena e muitas vezes com humor.

Entre os paulistas, o samba ganha uma conotação de mistura de raças. Com influência italiana, as letras são mais elaboradas e o sotaque dos bairros de trabalhadores ganha espaço no estilo do samba de São Paulo.

Dia Nacional do Samba e outras informações interessantes

Comemora-se em 2 de dezembro o Dia Nacional do Samba.

Em 26 de novembro de 2016, o samba completou 100 anos.

Eu, Omar Vieira de Oliveira, não toco nenhum instrumento: de corda, percussão, sopro, etc. Canto desafinado, fora do tom, do ritmo, do compasso e da melodia… mas, fiquem tranquilos, eu não canto fora do “chuveiro”.

Boa folia a todos! Comemorem a “Vida”, sem moderação, sem entretanto se esquecerem que, 4ª feira – 07/02/2018, a Cristiane e o Brasil estarão de volta!!!