O baile que terminou antes da hora

Escrito por Antônio Santa Cruz Calvário (Tonico da Dona Minervina)

Tonico, Celso Jardim, Felipe Abrahão e Ério Silva

Os Biquenses que viveram os anos dourados com certeza vão lembrar as grandes festas e animados bailes realizados no Clube Biquense.

Fazia parte da programação anual do Clube a realização de bailes de carnaval, de formaturas, das debutantes, da rainha do carnaval, da primavera, etc. Os bailes sempre faziam sucesso com os salões sempre cheios.

Naquela época, eram animados por excelentes orquestras e conjuntos de sucesso… Tivemos a presença dos mais famosos, como a Orquestra Tabajara (do Maestro Severino Araújo), a Cassino de Sevilha, a Marimba Alma Latina, a do Maestro Rui Rey, a Eldorado (de São João Nepomuceno), a Orquestra Além Paraíba, o nosso querido Conjunto Copacabana (com a voz do Joãozinho do Sr. Licinho), etc.

Um Conjunto que se apresentou por diversas vezes foi o do Waldir Calmom, que fazia muito sucesso com o solovox, instrumento de teclado, com um som meio trombone, meio acordeom. Para quem não sabe, Waldir Calmom era nascido em Rio Novo e alcançou sucesso nacional com a série de 12 LPs “Feito para dançar”.

Mas, teve um baile que terminou antes da hora… Era costume do Clube a realização anual de um baile com a renda destinada a Caixa Escolar do Grupo Cel. Joaquim José de Souza. Nesses bailes, para maior sucesso financeiro, eram realizados leilões de prendas como: bolos, tortas, frangos assados, bandas de leitoas, etc, prendas essas doadas por biquenses de bom coração.

Em um dos bailes, eu e mais três amigos, fazíamos parte de uma mesa e era de nossa intenção arrematar a banda da leitoa para degustar no final do baile. Consultamos a nossa situação financeira e, somando todo o dinheiro que tínhamos no bolso, dava a importância de, equivalente em moeda atual, o  valor de R$ 145,00. Ficamos animados, tendo em vista que bandas de leitoas nos leilões da época atingiam no máximo R$ 100,00.

Na metade do baile, foi iniciado o leilão! Lançamos R$ 20,00, mas ao lado de nossa mesa, tinha uma ocupada por 4 boiadeiros, que tudo indicava,  estavam com a mesma intenção nossa, pois eles cobriam as nossas ofertas a tal ponto que fizemos até o nosso limite: R$ 145,00. Nesse ponto eles ofereceram R$ 150,00 e o leiloeiro bateu o martelo. 

Um deles foi até a mesa das prendas, pagou, pegou a leitoa, ao passar por nossa mesa disse: “Olha aí seus pés raspados, não vão sentir nem o cheiro.” Em seguida, um deles arrancou um pé da leitoa e, virando para nós, disse: “Vocês não são de nada… Olhem com os olhos e lambem com a testa”.

Nessa altura, o sangue de um da nossa mesa ferveu e, num momento de fúria, foi dado um chute no pé da mesa deles. Assim, a leitoa caiu longe, saiu escorregando e foi parar nos pés das senhoras que estavam sentadas nas cadeiras em volta do salão tomando conta das suas filhas.

A partir desse momento, o tempo fechou e eles partiram para cima de nós, com socos e pontapés. No princípio, apanhamos, tendo em vista que estavam acostumados a pegarem bois no laço.

Eles, eventualmente, iam aos bailes, ao passo que nós estávamos sempre presentes. Por esse motivo, tivemos a ajuda de vários amigos… Virou uma briga generalizada, houve um grande tumulto, quase todos saíram pelas escadas e foram embora. Nessa altura, eles estavam apanhando, saíram do clube e foram embora também.

Resultado: o baile acabou e ninguém comeu a leitoa!

Os alfaiates que vestiram a elite biquense

Escrito por Antônio Santa Cruz Calvário (Tonico da Dona Minervina)

A elegância dos jovens biquenses, no início da década de 1960: Jarbas Antunes, Carlos Augusto Veiga, Wolney Sarto, Waguinho Barreto, José Carlos Penchel, Rogerinho Barros, José Américo Frade e Milton Fernando Souza

Nos anos 50, 60 e até os 70, era muito comum o uso de terno e gravata nas festas de fim de ano, casamentos, bailes, formaturas, etc. Também, podíamos ver funcionários de bancos, funcionários públicos, agentes das estações, chefes de trens, motoristas e trocadores de ônibus, etc, muito elegantes com os seus ternos e gravatas.

Eu me lembro dos antigos alfaiates de Bicas: Tesourão, Gelito, Sr. Clemente, Sr. SaintClair, José Calegari, Fábio Alfaiate, Sr. Edgard Arêzo, que além de alfaiate, era técnico e treinador de futebol. Os meus ternos, inclusive o de casamento, foram confeccionados pelo Gelito Alfaiate, que também era nosso companheiro nos bailes.

Quem necessitasse de um terno para as festas, recortado pelas tesouras de um deles, devia fazer a encomenda com até três meses de antecedência.

Naquela época, o melhor presente que se podia dar a um homem, era um corte de tecido de linho, casimira, gabardina, etc, para a confecção de um bonito terno. Era muito comum vermos muitos vendedores de cortes de tecidos nas ruas.

Foi uma época muito boa! Ficou na lembrança!

O Bar Tabuleiro da Baiana

Escrito por Antônio Santa Cruz Calvário

O Bar Tabuleiro da Baiana, por muitos anos, foi de propriedade do Tatão e da Marinha Cugola, mas não sei se foram eles os fundadores. Eu me lembro que, na minha juventude, frequentemente ia ao Bar do Tatão para escutar os principais jogos de futebol, pois a televisão ainda não existia. Na semana seguinte assistia no Cine Teatro São José, através do jornal “Canal 100”, da Atlântida, os principais lances das partidas realizadas na semana anterior.

O Bar Tabuleiro da Baiana, depois do Bar do Embrulhão, foi ponto de partida e chegada dos ônibus da Viação Santos, e também foi ponto de parada dos ônibus que passavam por Bicas com destino a Juiz de Fora, São João Nepomuceno, Mar de Espanha, Leopoldina, Cataguases, Recreio, Muriaé, etc.

No Tabuleiro da Baiana foi famosa, e tradicional, a feijoada que a Mariinha preparava, aos sábados… Eu me lembro que durante muito tempo, após fechar a minha loja, dirigia ao Bar para saborear a gostosa feijoada. Até hoje, não comi outra igual.

Na foto, o simpático casal, Tatão e Mariinha, que fazem parte da história de Bicas: