Os circos
Escrito por Antônio Santa Cruz Calvário
(Tonico da Dona Minervina)
Os circos foram, por muito tempo, uma das principais formas de lazer nas cidades do interior.
Nos fins da década de 50, e princípio da de 60, era um motivo de grande alegria a chegada de um circo em Bicas. Quase sempre eram montados num então grande terreno, situado no centro do Bairro Santana, normalmente, uma armação desmontável, coberta com uma lona. Eram destinados a espetáculos de variedades, acrobacias, com malabaristas, contorcionistas, mágicos, palhaços e outros personagens que buscam divertir e surpreender o público. O palhaço é uma figura inocente e divertida que está no imaginário das pessoas, há muito tempo.
A magia do circo nos remete a algo incrível, fazendo-nos viajar na alegria do palhaço, nas acrobacias e criatividade dos seus artistas.
Ao chegar um circo na cidade, era de costume, na véspera da estreia, fazerem um desfile com os seus artistas e os animais nas principais ruas, apresentando um bonito espetáculo. Normalmente, as pessoas saiam de suas casas para assistirem a apresentação e se
manifestavam com muitas palmas. Quase sempre o palhaço ia na frente com sua perna de pau e um megafone cantando: “Hoje tem marmelada?” “Hoje tem goiabada?” Hoje tem macacada?” … e a criançada respondia: “Tem sim senhor”… Em seguida, ele perguntava: “E o palhaço o que é?” … Todos respondiam: “É ladrão de mulher”. Os leões, macacos, cachorros etc desfilavam em suas jaulas e o elefante era puxado por uma corda.
Eu me lembro que, juntamente, com outros meninos, éramos contratados pelo dono do circo para acompanharmos o desfile e fazer coro com o palhaço. Para compensar o nosso trabalho, após o término do desfile, ele fazia uma marca em nossos braços com uma tinta azul, para sermos identificados na portaria e assistirmos ao espetáculo de graça.
As apresentações ficavam sempre cheias. Para se conseguir um bom lugar nas arquibancadas, o espectador tinha que chegar cedo e enfrentar uma grande fila. Também, eram oferecidas poltronas perto do picadeiro, com um preço mais alto.
Faziam parte das apresentações: os palhaços, mágicos, contorcionistas, trapezistas, as vezes tinham o globo da morte, também, a apresentação dos animais, como leões, elefantes, macacos, cães, girafas etc. Depois da apresentação dos artistas, eles apresentavam um teatro dramático, que prendia a atenção dos espectadores, ao ponto de, no final da apresentação, muita gente ficar com lágrimas nos olhos. Às vezes, apresentavam uma comédia que proporcionava muitos risos.
O circo, na época, era muito esperado pelos biquenses. Proporcionava-nos bons momentos de distração, emoção, risos e muito suspense, com um grande silencio na apresentação dos trapezistas. Eu e outros meninos íamos durante o dia ao local, onde o circo estava armado, para vermos os animais de perto, rir das macaquices dos macacos, ver o banho dos elefantes etc, mas…. o nosso principal objetivo era ver de perto as lindas trapezistas, quase sempre filhas do dono do circo. Como foi bom ser menino naquela época.