O mês de maio
Escrito por Antônio Santa Cruz Calvário
(Tonico da Dona Minervina)
Em Bicas havia uma tradição no mês de maio: “Os festejos da Igreja Matriz”, pois é o mês de Nossa Senhora. Era uma festa muito bonita. Eu mesmo participei de muitas. Havia sempre uma festeira que preparava e organizava toda programação que acontecia do dia primeiro até o dia 31 de maio.
O ritual mais importante dessas festas era a coroação de Nossa Senhora. Para isso eram escolhidas as meninas que iriam participar. Todas as noites, após a reza (uma pequena missa), as meninas iam em um cortejo muito bonito, vestidas de anjo com as assas bem grandes… tudo muito branco, roupas longas. O anjo que iria coroar Nossa Senhora seguia à frente carregando a coroa. Era muito bonito assistir aquele momento de tanta beleza e fé. Essas não escondiam a euforia e ansiedade pelo momento da distribuição das sacolinhas de doces e cartuchos de amêndoas, que acontecia logo após a celebração.
No momento em que colocavam a coroa sobre a cabeça da Santa, os sinos badalavam, fogos coloridos brilhavam no céu e a banda fazia-se ouvir com grande entusiasmo. Depois, continuavam a tocar no coreto, ao lado da Igreja, músicas populares da época.
Acontecia, também, em uma barraca ao lado do coreto, um muito animado e concorrido leilão de prendas, doadas pelos fieis, que tinha a finalidade de angariar fundos para obras da Igreja. Era muito divertido! Também, tinha outra barraca com sorteios feitos por porquinhos da índia que escolhiam uma casa numerada para entrar e o apostador que comprou o bilhete correspondente ganhava o prêmio.
A barraca do leilão ficava muito cheia, e os lances alcançavam bons resultados. Ao lado, no coreto, a banda tocava, intercalando a vez com o leiloeiro, que tinha a função de leiloar as prendas doadas.
A festa do mês de maio contava com a colaboração de vários voluntários, como o Sr. José Ferreira (pai do fotógrafo Adelson), que sempre exercia a função de secretário-tesoureiro.
Já faz muito tempo que isso aconteceu… Tenho certeza de que todas aquelas crianças e adolescentes jamais se esqueceram desse pedaço de suas vidas. O tempo passou, mas as lembranças ficaram dentro de cada um de nós.