O Bazar São Francisco
Escrito por Antônio Santa Cruz Calvário
(Tonico da Dona Minervina)
Um dos mais antigos estabelecimentos comerciais de Bicas, o Bazar São Francisco foi fundado pelo Sr. Francisco Padula, que era carinhosamente chamado de Titino Padula. Era localizado na Rua Coronel Souza, entre a antiga filial das Casas do Compadre e o Bar Tabuleiro da Baiana, e o seu fundo de comércio era papelaria e artigos de utilidade doméstica.
O Sr. Titino era uma pessoa muito alegre, divertida e estimada por todos. Constituiu uma clientela fiel e muito grande para o seu estabelecimento. Após muitos anos, com o falecimento do Sr. Titino, o seu filho, José Padula, chamado por todos de Zé Padula, também, muito alegre e comunicativo, pediu demissão da Estrada de Ferro Leopoldina, onde exercia a função de Maquinista para assumir a direção do Bazar, e, juntamente com a sua esposa, e as filhas, Aparecida, Ione, Eneida e Maria José, deram prosseguimento ao bom atendimento do estabelecimento.
O Zé Padula, com visão de expansão dos negócios, e tendo em vista que, naquela época, ainda, não existia a televisão, e a única fonte de ficar em dia com as notícias era a leitura de ornais e revistas, anexou ao seu estabelecimento uma bem montada banca de jornais e revistas, onde podíamos comprar: “O Jornal”, “Correio da Manhã”, “Jornal do Brasil”, “A Tribuna da Imprensa”, “Jornal dos Sports”, “A Noite”, “O Globo”, “Ultima Hora”, entre outros. As revistas mais vendidas eram: “O Cruzeiro”, “Manchete”, “Revista do Rádio”, “Capricho”, “Seleções”, “Burda” etc.
Existiam, também, as revistinhas infantis: “O Gibi”, “O Guri”, “Super Homem, “O Pato Donalds”, “Tiquinho”, “Pernalonga”, “Zé Carioca” etc. Por lá, ainda, podíamos comprar os pacotes de figurinhas para completar álbuns, tais como os de artistas do cinema, de ídolos do futebol, principalmente, em anos de Copas do Mundo… Álbum de bichos, flores, personalidades etc. Como era divertido colecionar as figurinhas.
Antes de termos a banca em Bicas, a saída era ir à Estação da Leopoldina, esperar a chegada do Expresso 21, que vinha do Rio de Janeiro e passava em Bicas, às 13h, e comprar jornais e revistas do jornaleiro Sr. Mário, que vinha do Rio e ia até Ubá, vendendo jornais nas paradas nas estações.
A compra era um sufoco, pois tinha fila e o trem não ficava muito tempo na estação. Era somente o suficiente para a troca da locomotiva. Como estou fora de Bicas, por mais de 40 anos, não sei se alguém deu continuidade ao importante estabelecimento comercial.