Governo cria onda roxa em Minas e restrições severas em parte do estado

Imposição da nova faixa partirá do Governo estadual e não mais dos municípios; regra será aplicada no Triângulo Norte e Noroeste

Por Renato Salles
03/03/2021 às 16h42- Atualizada 03/03/2021 às 17h40

O governador Romeu Zema (Novo) anunciou nesta quarta-feira (3) alterações nas medidas adotadas no estado de Minas Gerais para o enfrentamento da pandemia do coronavírus. Também foram apresentadas mudanças no Minas Consciente, que estabelece protocolos sanitários e para o funcionamento de atividades do setor produtivo, como o comércio, a indústria e a prestação de serviço, nos municípios que aderiram ao programa. A principal mudança anunciada pelo governador foi a criação da “onda roxa”, no âmbito do programa Minas Consciente, faixa que estabelece regras mais rígidas para a circulação de pessoas e o funcionamento de atividades econômicas.

A nova classificação não será mais opcionais, mas compulsórias para todos os municípios da região classificada na onda roxa. Neste momento, as regras serão aplicadas às regiões do Triângulo Norte de Minas e no Noroeste do Estado. As regras mais rígidas terão validade inicial de 15 dias em 80 municípios e serão iniciadas nesta quinta-feira (3). “Também ficarão em observação as regiões do Triângulo Sul, do Norte do estado e a leste do Sul”, disse Zema. A macrorregião Sudeste, que engloba Juiz de Fora, se encontra na faixa amarela do programa Minas Consciente e não terá alterações imediatas.

Neste momento, as regras serão aplicadas às regiões do Triângulo Norte de Minas e no Noroeste do Estado (Foto: Pedro Gontijo / Imprensa MG)

“Nosso comitê extraordinário deliberou pela criação da onda roxa. Ela não é mais opcional. Antes cabia aos prefeitos decidir se ia ou não aderir ao Minas Consciente. Com a onda roxa, a adesão é impositiva. Estamos falando do colapso da rede de saúde da região. Não é mais um problema municipal, mas regional”, resumiu Romeu Zema.

Na onda roxa, a circulação de pessoas só poderá acontecer para atividades consideradas essências e toques de recolher entre 22h e 5h. Também será proibido a circulação de pessoas sem máscaras e com sintomas de gripe. Ainda não poderão ser realizadas reuniões presenciais, inclusive entre pessoas da mesma família que não coabitam. Ficam vedadas ainda a realização de qualquer evento – público ou privado – que possam resultar em aglomeração, além da adoção de barreiras sanitárias.

A definição para a classificação regional da onda roxa seguirá preceitos já utilizado no Minas Consciente, como a taxa de distanciamento social, os riscos de desassistências e o aumento do índice de ocupação de leitos hospitalares, e os indicadores de contágio, de surto e de óbitos.

Cabe lembrar que, no dia 25 de janeiro deste ano, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) tomou a decisão de deixar o programa Minas Consciente. Em seu lugar, a PJF decretou, no dia seguinte, a criação do programa Juiz de Fora pela Vida, que determina o conjunto de protocolos a serem seguidos no âmbito Municipal para o controle da pandemia.

O JF pela Vida estabelece cinco faixas de restrição: roxa, vermelha, laranja, amarela e verde. Logo no início da entrada em vigor do programa Juiz de Fora pela Vida o município foi classificado na faixa vermelha dos protocolos municipais. No dia 17 de fevereiro, a Prefeitura anunciou a progressão da cidade para faixa laranja. Contudo, na última terça-feira, a cidade regrediu novamente para a faixa vermelha.

Até a tarde desta quarta-feira, a PJF informava uma ocupação de 75% dos leitos de unidade de terapia intensiva na cidade. Ao todo, Juiz de Fora já computa um total de 829 mortos em decorrência da Covid-19. A Tribuna fez contato com a Prefeitura para obter uma avaliação sobre como as manifestações do governador Romeu Zema podem refletir ou não nas estratégias adotadas no município para o enfrentamento à pandemia e ainda aguarda um posicionamento.

Histórico

O programa Minas Consciente foi lançado pelo Governo estadual no dia 28 de abril de 2020, com a definição de protocolos sanitários criados pelo Estado para retomada das atividades econômicas nos municípios mineiros. O projeto foi desenvolvido pelas secretarias de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) e de Saúde (SES).

Segundo o Governo, o conjunto de estratégias propõem a retomada gradual, progressiva e regionalizada da economia, “embasada em critérios e dados epidemiológicos, a partir de um monitoramento constante da situação pandêmica”. O programa foi constituído para ser opcional aos municípios

Inicialmente, os protocolos sanitários foram divididos de acordo com as especificidades dos setores econômicos, organizados em orientações básicas, comuns a todos, e orientações específicas, destinadas a empresários e consumidores, conforme indicadores de capacidade assistencial e de propagação da doença. Assim, as atividades econômicas foram segmentadas em quatro ondas: verde, branca, amarela e vermelha.

Ao longo dos últimos meses, o Governo estadual efetuou uma série de mudanças no projeto inicial, como uma readequação da ordem das ondas, tendo como referência as cores de um semáforo de trânsito para tornar mais intuitivas as novas regras.

Assim, a onda vermelha foi destinada a serviços essenciais, como supermercados, padarias e farmácias; a onda amarela para serviços não essenciais, como lojas de artigos esportivos, eletrônicos e floriculturas; e onda verde para serviços não essenciais com alto risco de contágio, sendo academias, teatros, cinemas e clubes. Também foram revistos, ao longo do tempo, os protocolos de higiene e distanciamento e os indicadores que norteiam a tomada de decisão.

Fonte: Tribuna de Minas desta quarta-feira, dia 03/03/2021