Ferreira da Fonseca – A Fazenda da Serra
Como ficou dito anteriormente a Fazenda da Serra, situada no município de Maripá de Minas (MG), no sopé da serra de Rochedo, pode ser considerada a base da família Ferreira da Fonseca estudada nestes artigos do O Município On line. Fato do qual decorre a conveniência de se viajar um pouco pela sua história, o que se faz agora.
E o ponto de partida para esta caminhada é uma nota do Jornal O Guarará de 14.07.1939, que fala da sua fundação, acrescida de outras informações colhidas em documentos do arquivo da própria Fazenda, manuseados e reproduzidos graças à gentil autorização do proprietário à época, senhor Carlos de Mattos Carvalho.
A partir destas fontes pode-se afirmar que em 15 de maio de 1866, Antonio Ferreira Martins, adquirindo dos tios Francisco Ferreira da Fonseca e sua mulher Carlotta Marcília de Jesus, se estabeleceu como lavrador nas terras que deram origem à Fazenda.
Importante registrar, o que é do conhecimento de muitos, que a Fazenda da Serra foi formada pela compra inicial e por diversas aquisições postereiores, algumas delas citadas mais adiante. E por herança, possivelmente do próprio Antonio e da sua primeira esposa, Luiza Maria da Conceição, sua prima, filha dos tios Manoel Ferreira da Fonseca e Maria Romana.
Mas é bom lembrar que essas terras adquiridas por ele, ao que se deduz de estudos mais recentes, em extensão maior possivelmente faziam parte da Fazenda Bom Sucesso. E, acolhida como verdadeira esta informação, o que se acredita ser correto, estaria explicado o fato de a maioria dos vizinhos da Fazenda da Serra ser formada por tios do Antonio e, irmãos e cunhados de Francisco e Carlota. Todos eles herdeiros de Felisberto Ferreira da Fonseca e Joanna Maria da Conceição-II. Felisberto que, pelo seu inventário aberto 1856, em Mar de Espanha (MG), comarca à qual era subordinada a atual Maripá de Minas, faleceu na Fazenda Bom Sucesso.
Em mapa com o traçado de suas terras, ao que parece datado de 1882, constam como sendo vizinhos da Serra: Ritta Jacintha da Conceição, Antonio Ferreira da Fonseca, João Ferreira da Fonseca, Henriques Cezar de Souza, Joaquina Clara de Jesus e a fazenda Bom Sucesso, de propriedade do comendador Domiciano Monteiro de Rezende.
É fato incontestável que a Fazenda da Serra não demorou muito para ocupar vastas matas que circundavam a Serra de Rochedo, chegando a contar com mais de cem alqueires de terras cobertos por cafezais e outras culturas menores, matas preservadas e pastos valados e cercados. Onde trabalhavam a família e agregados, profissionais do ramo e pelo menos 18 escravos segundo a Relação nº 483 de 25.04.1886. Braços que faziam girar engenho de café, engenho de cana, alambique, moinho, monjolo e outros equipamentos existentes na ocasião. E sua sede, ainda hoje bem conservada, era uma boa casa em estilo colonial, confortável, assoalhada, forrada, envidraçada, com um bom terreiro para a secagem do café e, dotada de um dos primeiros telefones da região.
Sobre as anexações de terras que a formaram os arquivos da própria fazenda indicam algumas delas, como por exemplo: Devo continuar escrevendo sobre a família Ferreira da Fonseca? Retorno para “lujamachado@gmail.com” Em 06.10.1873 Augusto Cezar Pereira vendeu a Antonio Ferreira Martins uma casa que possuía na Fazenda dos Moinhos e em 16.01.1895 Antonio recebeu em hipoteca toda a fazenda da qual adquirira esta casa, conforme traslado de escritura constante do livro da Prefeitura Municipal de Guarará – Hipotecas, nº 1, fls. 40v. Esta Fazenda dos Moinhos contava com 40 alqueires, estava localizada nas proximidades da sede da Fazenda Bom Sucesso e confrontava com as terras de Antonio Ferreira Martins, Domiciano Monteiro de Rezende, Bento José da Silva, Justino de tal, Joaquim Clemente de Campos, José Pinto Soares e João Celestino de Almeida.
Em 06.09.1896, Antonio adquiriu de José P. de Almeida uma casa e cafezal no sítio do Carazal. E em 13.01.1908 foi a vez de João Bento Ferreira e Esmeraldina Rodrigues de Sá venderem a ele uma casa e demais benfeitorias que possuíam para a fazenda da Serra, conforme escritura pública de compra e venda lavrada no cartório de Maripá, livro 11, fls. 15, onde serviram como testemunhas o comendador Domiciano Monteiro de Rezende e Francisco de Paula Lara.
Outras aquisições ocorreram e a Fazenda da Serra cresceu e se desenvolveu. Tornou-se uma das primeiras de Maripá a possuir telefone, rádio, engenho de serra e alambique movido a vapor. Uma das maiores produtoras de café, arroz, açúcar, aguardente, farinha de mandioca e fubá. Seus currais estiveram sempre entre os melhores. Ali a água encanada, a luz elétrica e a escola pública chegaram bem mais cedo que em outras propriedades. E, segundo o jornal O Guarará de 03.01.1904, nesse ano estava entre as maiores e que mais contribuíram com impostos para o município de Guarará. E no ano seguinte o seu proprietário, o capitão Antonio Ferreira Martins, aparece como o terceiro maior fazendeiro do município.
A partir de 1909 a fazenda da Serra passou a pertencer ao capitão Quintino da Costa Mattos, neto de Antonio Ferreira Martins, conforme carta de adjudicação no inventário de Luiza Maria da Conceição. Sucederam ao capitão Quintino os seus filhos e, posteriormente, o seu neto Carlos de Mattos Carvalho.