Cultura, Gente e Ideias, pelo saudoso Júlio C. Vanni: Genealogia Família Guarnieri

FAMÍLIA GUARNIERI

Publicado em 31 de outubro de 1999

É um nome de origem germânica. Advém de Warinhari. Foi latinizado para Warnerius e depois Guarnerius. Finalmente foi transformado em Guameri e Guarnieri que significam protetor e defensor das boas causas.

As informações genealógicas mais antigas dão conta de que existiram dois ramos distintos de Guarnieri: um na Toscana e o outro no Veneto. Mas hoje são encontrados registros desta família em outras regiões da Itália, principalmente em Roma.

Tudo indica que o ramo mais antigo seja o da Toscana com base na cidade de Pisa de onde, possivelmente, tenham partido alguns descendentes rumo à capital do reino. Em Roma existiram três notáveis priores que dignificaram a pátria: Giambattista (1554); Giovanni, filho de Giambattista (1570-1584); e finalmente Giambatista. filho de Giovanni(1582).

No ramo Veneto, com base na província de Adria. a família tinha registro de nobreza no Conselho local, tendo muitos de seus membros se tornado figuras notáveis da região ao longo do século passado. Tudo indica que o Guanieri mais notável tenha sido o Conde Aurélio Guamieri (1790) que viveu na Toscana e depois em Roma. Em todos os ramos de Guarnieri são encontrados personalidades importantes, inclusive nobres, cavalheiros e professores universitários, havendo um tal de Romano Guarnieri que foi lente docente na Universidade de Amsterdam, na Holanda.
Pesquisas mais profundas sobre os Guarnieri podem ser feitas na Itália onde se encontram amplas bibliografias genealógicas. A família tem mais de um brasão de armas. Mas o que reservamos para oferecer aos Guarnieri de Bicas, tem três leões em posição de defesa sob um elmo. Possivelmente este seja o mais adequado, considerando a origem toscana da valorosa família biquense.

Muitos Guamieri chegaram ao Brasil sem que nos fosse possível definir o seu destino no país, como Nicola, Giovanni, Luiz, Ângelo, Giuseppe e Primo, todos embarcados em Gênova.

A família Guarnieri que hoje ilustra a comunidade biquense, teve em Napoleone Guarnieri o seu grande patriarca. Ele chegou ao Brasil com a esposa Angelina Milan Guarnieri, no final do século passado, diretamente para Pequeri onde trabalhou na lavoura de café da fazenda de Santa Rosa. Mais tarde, a família se transferiu para Bicas onde fixou-se em definitivo. Deste casal nasceram brasileiros os filhos: Felipe, Casemiro, Américo, Joana e Maria.

Ao amigo “Conde” José Maria Guarnieri, filho de Felipe Guarnieri e a todos que têm honrado este cognome em Bicas e na região, as nossas homenagens.

OBSERVAÇÃO. As nossas pesquisas sobre cognomes de famílias italianas não asseguram nenhuma relação de parentesco com as famílias que temos homenageado nesta coluna. Em muitos casos tem havido coincidência, em
outros, fica a curiosidade despertada e a certeza de que uma pesquisa mais profunda possa revelar a verdadeira origem de cada família. As informações são fidedignas e obtidas em bibliografias genealógicas do século passado.

Recordar é Viver: Entrevista Dorival Caymmi, 90 anos

Em 31 de março de 2004, O MUNICÍPIO publicava: Entrevista: Dorival Caymmi, 90 anos

No próximo dia 30 de abril, o consagrado compositor Dorival Caymmi estará completando 90 anos, dos quais 64 casados com Stella Maris, mineira de Pequeri que conquistou o coração do famoso baiano.

A apresentação da futura esposa aos amigos aconteceu durante um almoço, à base de vatapá, na casa do escritor Jorge Amado, na Urca, no Rio. Na festa estavam os respeitados jornalistas Carlos Lacerda e Samuel Wainer, além do biquense Emil Farhat.

A amizade de Emil com os Caymmi se estendeu por muitos anos. Em meados da década de 90, ao tomar conhecimento de que o amigo tinha vindo morar em Pequeri, o escritor fez questão de homenagear Caymmi e Stella Maris em sua casa, em Bicas, com um almoço árabe, preparado por suas irmãs Ática e Suade Farhat.

Autor de eternos sucessos como “O que é que a baiana tem?” “Saudades da Bahia” e “Samba da minha terra”, Caymmi recebeu em sua casa de Pequeri, onde mora com Stella, o diretor proprietário de “O Município”, José Maria Machado Veiga, para um simpático bate-papo, com a presença de Denise Cardoso e do colunista César Romero.

Caymmi e Stella em sua residência de Pequeri

O Município – Baiano e morando no Rio, o senhor imaginava vir parar em Minas?
Dorival Caymmi: Vim a Minas pela primeira vez em na década de 40 para conhecer a terra natal de minha mulher. Sempre gostei muito de São Pedro do Pequeri, que era o antigo nome, por ser um lugar agradável e tranqüilo e onde existia o trem. Na época dos festivais de música voltei a Pequeri para rever os amigos. Incentivados pelos irmãos Gioconda e Júlio Vanni, eu e a Stella decidimos adquirir uma casa e permanecer na cidade.

Qual sua avaliação hoje da música popular brasileira?
Não é atraente. Não é apaixonante, como era a música de antigamente. Hoje a prática é de quem gosta só de ganhar dinheiro. Não quer saber de qualidade, de beleza, de poesia, como já foi a preocupação do compositor e do cantor brasileiro.

Dorival Caymmi mostra com orgulho a medalha da “Ordem do Rio Branco”, conferida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso

A Bahia, por exemplo, já produziu o afoxé, o axé, a timbalada. Isso é um avanço ou um modismo?Não tem nada de avanço aí. É na base do rock (rótulo). Bateu, valeu…

A Bahia deve algum reconhecimento ao senhor?
A Bahia sempre foi muito gentil comigo, mesmo estando fora de lá. Eu saí de lá no dia 1º de abril de 1938. Saí para o Rio de Janeiro. Eu queria viver a aventura de fazer jornalismo, literatura, e acabei entrando nesse meio e na música.

Seus filhos, Danilo, Dori e Nanna herdaram seu talento musical. Como o senhor avalia a continuidade de sua obra?
A minha participação aí é pela metade (aponta para sua mulher, dona Stella Maris, sentada ao lado).

Veiga, Dorival e César Romero

Veiga, Dorival e Cesar Romero

O que acha do ministro Gilberto Gil?
Ele tem o talento dele. Tomou uma posição no Estado, trabalhosa e difícil. Mas eu apoio ele.

E a política atual?
Eu não estou observando muito não, mas se o negócio está ruim, você não conserta naquele tempo programado. Se acham que o Brasil muda de hoje para amanhã, passando a ser um outro Brasil, isso não é fácil. A tarefa é dura. De modo que eu não estou dizendo do nada. Não é hora de falar nada.

O senhor conseguiu atingir seu objetivo com sua obra?
Atingi. Eu chego, o meu povo me conhece. A minha glória é essa.

Como é seu processo de criação? A letra vem primeiro e a música depois, ou vem junto?
Vem junto.

O senhor tem alguma obra inédita?
O que é que eu tenho de inédito? (dirigindo-se à sua mulher, que começa a lembrar-lhe alguns versos). Tenho um tema da abertura do livro de Jorge Amado, “Teresa Batista”. (Canta uns versos, sempre acompanhado pela mulher). “Para falar de Teresa, meu bem/ Pergunte primeiro a mim/Tudo que eu sei de Teresa, meu bem/ Conto tim tim por tim tim.”

Pequeri já inspirou alguma música do senhor?
(Quem responde é dona Stella) Para mim, pelo menos, não (risos. Depois Caymi volta a falar) Se eu tivesse que fazer alguma música sobre Pequeri, teria que ser naquela primeira fase, entre 1944 e 1952.

Cite um dos muitos momentos importantes na sua carreira.
– Uma apresentação, em 1939, no palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com o espetáculo beneficente “Joujoux e balangandãs”, organizado pela primeiradama, dona Darcy Vargas.

Dorival Caymmi e Veiga

Nosso diretor num papo com o mestre Dorival

Ping- Pong

Qual o tipo de música que o senhor ouve
– Aquilo que me toca o coração. “Eu sonhei que tu estava tão linda”…
Essa seria a música da vida do senhor
– Não. Essa é apenas uma delas. A música clássica é uma das minhas paixões.
Ator – Procópio Ferreira
Atriz– AracyCortes.
Muher bonita – Stella Maris (sua esposa,
que, ao fundo, comenta: “Essa não. Essa não.”)
Flor – Rosa
Filme – “Cidadão Kane”, de Orson Welles; “Tempos Modernos, de Charlie Chaplin.
Mito, na política – Carlos Lacerda.
Na arte – Cândido Portinari.
Na literatura – Jorge Amado, Gilberto Freire.
Prato predileto – Um vatapá e um caruru bem feito, como o preparado por uma amiga do peito, a Alda Rodrigues Pereira.

Agradecendo o carinho do casal Stella e Caymmi, encerramos com a opinião do “mestre” sobre o livro “Dorival Caymmi – O mar e o tempo”, de autoria de sua neta Stella Caymmi:

“Eu sou suspeito para falar de O mar e o tempo porque sou avô e amigo da autora. Talvez tenha também a suspeição de ser um participante este texto lindo e bem organizado. Isto me dá um prazer enorme e um grande respeito pela autora e seu trabalho bem feito”.

  • Fotos: Toninho Carvalho

Goleiro Barbosa visita Bicas em agosto de 1953

Em agosto de 1953, Moacyr Barbosa, o famoso goleiro do Vasco da Gama e da Seleção Brasileira, ciceroneado pelo Sr. Pedro Porto, esteve visitando Bicas
Da esquerda para a direita e de cima para baixo: Wilson Oliveira, Lourival Torres, Sinval Paiva, Ulisses de Oliveira, Antônio Penchel, Tatão Cúgola, José Maria Veiga e seu filho Veiguinha, Jorge Haddad, Edgard de Oliveira, Dercyr Ranna, Salvador, Roberto de Oliveira e sua esposa Dª Yolanda, Dr. Oliveira Souza, Dª Clotilde e Barbosa, Dª Maria José, Pedro Porto, NI. e Darcy Miguel
Atrás: Toninho Cunha, Tatão Cúgola, Wilson de Oliveira, Sinval Paiva, Antônio Penchel, Ulisses de Oliveira, Roberto de Oliveira Souza, Lourival Torres, Darcy Miguel e José Maria Veiga; À frente: Salvador, Jorge Haddad, Dercyr Ranna, Edgard de Oliveira, Dr. Oliveira Souza, Dª Clotilde e Barbosa, Dª Maria José, Dª Yolanda, Veiguinha, NI e Pedro Porto

Em 30 de agosto de 1953, O Município publicava

Em 14 de dezembro de 1958, O MUNICÍPIO publicava

Solenidade de entrega da Taça de Campeão 1958
Troféu Lourenço Benedicto Dore

Na foto, Wilson Amorim, Gilson Lamha, Norberto Barral, Lourenço Dore, Cacai, Dr. Oliveira, José Gomes Sobrinho, o paraquedista de São Paulo Mário Ramos, o capitão do Leopoldina, Noracy Carvalho, e José Maria Veiga

Plantel do Leopoldina, campeão invicto da LAB, em 1958

Zeuxis, Noracy, Quinista, Bento, Jorge Riani, Salvador, Zé Cúgola, Wilson Amorim (técnico), Zé Carlos, Hélio Croce, Lauro Machado, Tresse, Edel Arruda, Ciro, Peri Arezo, Chapão (massagista) e o ciclista Edgar Seabra

Com a faixa de campeão

Em pé: Wilson Amorim, Edel, João Celso, Zé Cúgola, Jorge Riani, Zeuxis, Quinista, Quarenta, Hélio Croce e Chapão… Agachados: Tresse, Pio, Pailo Croce, Teminho e Sebastião Aquino

O Leopoldina também foi o Campeão do Torneio Início de 1958

Em pé: Edel, Zé Cúgola, Quiquinho, Quinista, João Celso, Jorge Riani, Quarenta, Zeuxis, Laluce, Ciro, Décio, Zé Pintinho, Genaro e Noracy… Agachados: Tresse, Jari, Pio, Lauro, Nica, Írio, Sebastião Aquino, Teminho e Valdo