Inaugurada em 13 de maio de 1879 pela Cia. União Mineira, incorporada com a linha pela Leopoldina Railway em 1884 e posteriormente pela Estrada de Ferro Leopoldina – E.F.L., a Estação de Bicas guarda uma belíssima história.
Quando a estrada de ferro aqui chegou ao final da década de 1870 a Villa das Bicas era apenas um arraial. A chegada da ferrovia e a escolha do arraial para sediar uma Estação e as futuras instalações da Oficina Ferroviária proporcionaram ao local uma importância sem precedentes, sendo fundamental para a criação do Município. Foram tempos de desenvolvimento e pujança!
A cidade de Bicas tornou-se estratégica para a Leopoldina, com uma completa e bem equipada Oficina de Manutenção de Locomotivas e Vagões, tendo os melhores e reconhecidamente “mais competentes trabalhadores”; tínhamos aqui sediada a Equipe de Socorro e uma bem estruturada Escola Profissionalizante – SENAI, formadora de futuros grandes profissionais.
Sem dúvida um histórico belíssimo, que faz da antiga Estação Ferroviária de Bicas uma das mais tradicionais edificações, com grande valor histórico e cultural para a cidade, importante Patrimônio Histórico que em 2018 completou 139 anos.
Na antiga Estação Ferroviária funcionam hoje a rodoviária da cidade; a loja de artesanato da Art’Bicas – Associação dos artesãos Biquenses e o Memorial do Ferroviário Biquense que abriga belíssimas peças, fotos, pinturas e documentos que mantêm viva a história da ferrovia no Município.
Pela Estação de Bicas passaram trens de passageiros até a primeira metade dos anos 1970, sendo o ramal suprimido oficialmente somente em 1994.
A verdade é que, com o fim da ferrovia, a cidade de Bicas-MG estagnou-se.
Como na maioria das cidades por onde a Estrada de Ferro Leopoldina passou, Bicas vive um vácuo à procura de uma nova vocação.
Como prova do valor histórico e cultural da Estação Ferroviária e da própria ferrovia para Bicas, apresento um trecho do Diário de Dom Pedro II, vol. 25, de 27 de abril de 1881(aª fa), copiado de José Carlos Barroso – Cessão Marcus Granado). Dom Pedro II andou na União Mineira passando por Bicas, em 1881:
-“(…) 5 ½ Acordei. Vou ler. Saio às 7h. Caminho conhecido até Serraria. Cheguei às 8 ¾ a Juiz de Fora. A cidade tem aumentado muito. Bela avenida com bonitas casas que devem arborizar. Almocei numa destas que é do Barão de Cataguazes. Partida do trem às 11h 10′. Nada de novo até Serraria. Aí entramos no trem da estrada de ferro da União Mineira. Percorremos 84km até o arraial – vila ainda não instalada de S. João de Nepomuceno. A estrada para subir parte da serra do Macuco tem 2 ziguezagues com plataformas. Tem 7 estações pequenas porém bem construídas conforme a aparência. Vista muito bela assim como mato viçoso de Bicas para diante. Descobre-se amplo vale fechado por altas montanhas, e perto de S. João avista-se a alta serra do descoberto de contorno original. Grande número de quilômetros a começar da Serraria passa a estrada por fazendas de café muito bem plantadas e algumas com casas feitas com bom gosto. Há interrupção de terras tão boas para voltarem estas. Vim conversando com o engenheiro Betim cuja direção inteligente e ativa revela-se no modo porque a estrada foi construída e tendo trilhos de aço, e com o desembargador Pedro de Alcântara Cerqueira Leite a cuja influência se deve sobretudo a estrada que é de bitola de um metro. (…)“
Fonte: site Estações Ferroviárias do Brasil, de Ralfh Mennucci Giesbrecht
Um Patrimônio Histórico desta envergadura é sempre digno de extrema atenção.
Por sua história e pela importância da ferrovia para nossa cidade, a antiga Estação Ferroviária – hoje Terminal Rodoviário José Croce – necessita da sensibilidade, da atenção e de uma constante manutenção por parte do Poder Público Municipal.
Ela realmente merece!
Presto minhas homenagens à nossa belíssima Estação Ferroviária fazendo uma das coisas que mais gosto: fotografar!
Veja as fotos em: O trem expresso