As telefonistas
Escrito por Antônio Santa Cruz Calvário (Tonico da Dona Minervina)
Na década de 50, e princípio dos anos 60, eram poucos os telefones residenciais e comerciais instalados em Bicas. Para se fazer uma ligação, local ou interurbana, tínhamos que acionar as telefonistas, através de uma manivela que fazia parte dos antigos aparelhos telefônicos. Elas recebiam as nossas chamadas e perguntavam a quem deveriam chamar.
No painel, à frente das telefonistas, havia um pino e uma tomada para cada aparelho local instalado e, caso a ligação solicitada fosse para Bicas mesmo, e tendo em vista que cada telefone instalado possuía uma tomada no painel, ela conectava o pino na tomada correspondente ao telefone solicitado na chamada. Feito isso, avisava a pessoa e transferia a ligação.
Para se fazer uma ligação interurbana, às vezes, demorava muitas horas e até o dia inteiro. Por aqui, tivemos competentes telefonistas como a Filomena, a Lenira, a Wanda Silva, irmã do saudoso Erinho, e muitas outras que, apesar de lembrar delas, não lembro mais os seus nomes. A operadora, na época, era a CTB (Companhia Telefônica Brasileira).
O Centro Telefônico em Bicas ficava em uma casa, na Rua D. Ana, atrás da antiga Prefeitura, e ao lado da casa do Dr. Milton de Souza, um dos mais conceituados médicos da cidade, na época. E, para o atendimento aos clientes, que não tinham aparelhos telefônicos em suas residências, ou estabelecimentos comerciais, a central dispunha de algumas cabines com aparelhos para atendimento e, na sala, haviam algumas poltronas para a espera da complementação da chamada que, geralmente, levava muitas horas.
Devido ao desenvolvimento tecnológico, telefonista é uma profissão extinta, já que até mesmo nas centrais de atendimento, a transferência de ligações é realizada pelo atendimento digital. A “Era das telefonistas” terminou com a invenção do telefone de discagem direta e ligação automática.
A partir de 1966, as “telefonistas” passaram a cuidar exclusivamente de serviços especiais, como por exemplo, o de auxílio à lista. Às vezes, fico pensando como evoluímos em termos de comunicação, pois, hoje em dia, através dos aparelhos celulares que levamos nos nossos bolsos, fazemos ligações de áudio e vídeo para qualquer parte do mundo, instantaneamente, e podemos ser vistos e ver as pessoas, com quem desejamos nos comunicar, com pureza de som e nitidez de imagem.
Será que ainda vamos ter mais algum desenvolvimento, como diz o nosso amigo João Lúcio. É pra se pensar!