A árvore mal-assombrada

Escrito por Antônio Santa Cruz Calvário
(Tonico da Dona Minervina)

Há alguns anos atrás existia uma lenda de que em noites enluaradas apareciam fantasmas embaixo de uma árvore que ficava na beira da estrada, há uns 2 quilômetros, depois de Bicas, em direção a Santa Helena. Uns falavam que era o Lobisomem, outros que era a Mula sem cabeça e alguns diziam que era o Saci-pererê.

Eu me lembro que, juntamente com outros meninos da Rua Garcia Passos, não tínhamos medo de nada, a não ser passar por baixo da referida árvore. Fazia parte de nossas travessuras, nos fins de semana, nadar em um açude, há uns 3 quilômetros da referida estrada. Ele ficava numa propriedade que não me lembro se era do Sr. Ranulfo Schetino ou do Sr. Gentil Correa de Almeida, mas o proprietário não se importava com a nossa presença. Para chegarmos até o açude, tínhamos que passar por baixo da árvore, o nosso maior desafio. Passávamos correndo e sem olhar para trás.

A Igreja Assembleia de Deus, que tinha um salão na nossa rua, usava o açude para a realização dos batismos de seus fiéis. Eu me lembro que não perdíamos nenhuma cerimônia dos batismos. Para nós era um divertimento… O pastor submergia os batizandos na água e logo após os emergia. Eles saiam engasgados e soltando águas pelas narinas, muito assustados e apavorados.

Quanto à árvore mal-assombrada, atualmente, com o asfaltamento da estrada, não sei se ela ainda está de pé, e se a lenda persiste.