Oba, lá vem ela

Um dos maiores filósofos da rua do Brejo e, também, o mais querido: Valdir do Cesário.

Um dia no auge de sua erudição, profetizou que Vénus e Apolo tiveram um encontro secreto na nossa rua e depositou ali o DNA da beleza. Portanto, quem é brejense, ou morou na rua por um determinado período, adquiriu a poção da beleza eterna. Esta é a razão (segundo nosso guru) de se ter tanta gente bonita concentrada naquele local.

Dito isso, lá vinha ela descendo a Necésio Silva cheia de charme, com seus lindos cabelos louros, até quase a cintura, com aquele corpo escultural em cima do salto alto, dentro de uma pantalona verde e uma camisa branca.

Nós, adolescentes, paramos nossa pelada e fomos correndo sentar na beirada da ponte, que ficava bem perto do portão da cooperativa, pois ali era nossa passarela…  Quando ela se aproximou, começaram as gracinhas. Nelsinho: ”Colírio para os meus olhos”. Zé da Durica: “Esta é a nora que mamãe queria”.

Nossa musa passou pela ponte e deu um sorriso daqueles. Bita, com seus olhos esbugalhados, quase caiu de costas dentro do córrego. Aquele perfume nos enfeitiçou. Revalino disse que, na brincadeira dançante de sábado, iria tira-la para dançar. Eu, sem nenhuma inveja, falei:” Tomara que ela te dê uma tábua”. Lúcia virou a esquina, desapareceu dos nossos olhos, mas deixou um gostinho de quero mais… Bicas sensual.