Velório na Rua do Bonde

Bandulaque passou distribuindo aquele convite para mais um enterro. Ronaldo foi lá e pegou um… Zé Cueca olhou e sentenciou: “Esse vai dar pé”. – Onde, perguntou o Im. – Rua do Bonde, respondeu o Zé. Nós fazíamos a triagem dos velórios, desde quando não fosse nosso parente no caixão.

Precisávamos de ocupação noturna sempre, e velório era um bom item para passarmos o tempo. Depois da sessão de cinema, fomos parar lá na Rua do Bonde…

Respeitosamente, entramos e acompanhamos o terço, mas de olho no café com leite, broa, brevidade e biscoito de polvilho… sempre servidos a noite inteira. Não deu outra… A cozinha estava mais movimentada que a praça aos sábados.

Pexano estava num canto segurando uma caneca de esmalte saindo fumaça e na outra mão, um naco de broa daqueles. Vez por outra, Alvaro contava uma piadinha para espantar o sono… Maninho lacrimejou perto do caixão. Zé Augusto viu e deu uma olhada daquelas, que ele logo enxugou as lágrimas.

Quase clareando, Helinho foi acordado com um safanãozinho e fomos embora. No caminho, Pininho reclamou dizendo que só tomou um cafezinho e que da próxima vez iria ficar mais perto da mesa… Bicas com lágrimas de crocodilo.