Vale dos vinhedos

O vinho, de uns tempos pra cá, no Brasil, tornou-se objeto de desejo da grande maioria das pessoas que apreciam uma bebida bonita e com teor alcoólico moderado.

Essa mudança de hábito das pessoas foi acontecendo sem alarde; foi a propaganda de boca a boca e, principalmente, pelo fato do vinho poder ser ingerido em quaisquer circunstâncias. Outras bebidas geralmente não vão bem com refeições.

De repente nos supermercados apareceram setores só de vinhos. Delicatessens sugiram aos montes com guloseimas importadas e muito vinho. Clube de vinho é outra novidade, que veio pra ficar, como é o caso da Wine, criação do Rogério Salume, com base na cidade de Serra, no Espírito Santo.

Pois bem, nesse ínterim, o vinho, que faz o caboclo falar a verdade (in vino veritas), além de colocar a sua pessoa num patamar elevado com aquele élan prazeroso e duradouro, passou a fazer parte do papo onde são muitas e boas histórias sobre os vinhos.

Uma dessas histórias é o terroir, região onde se colhem as uvas e todo o procedimento de plantio das vinhas, suas centenas de espécies e logicamente de sabores, aromas, tonéis de guarda, taças, safras, cores e teores alcoólicos.

Tive o prazer de conhecer algumas vinícolas, como a Fundação Eugênio de Almeida, Região do Alentejo, Évora e depósitos de vinhos do porto em Vila Nova de Gaia. Só de estar nesses lugares já te deixa inebriado.

Um belo dia fomos parar em Montevidéu quando conheci o tinto da uva Tanat, na bodega Bouza. Pequena porém com vinhos de alta qualidade. Só a degustação já vale a visita.

Outros locais incríveis e belos pra tomar vinho, harmonizar com pratos saborosos e muita gente bonita são Mendoza, Argentina e Santiago, Chile.

Quem mora em São Paulo é um pulo. Dá pra passar um fim de semana nos vinhedos ao lado da Cordilheira dos Andes, que irriga as vinícolas de forma fundamental para que as uvas sejam de primeira qualidade. Em Mendoza, a uva principal e a minha favorita, é a Malbec e, em Santiago, a uva principal é a Carmenère.

O nível que essas cidades chegaram na produção e distribuição de vinhos de alto padrão só dá pra mensurar indo direto na fonte. São Famílias tradicionais e tem mulheres chefiando algumas bodegas que se tornaram grife, como a Suzana Balbo e a Érica Goulart.

Então você toma uma golada de belo Malbec argentino, vira de frente pra mim e pergunta: E o vinho brasileiro, onde entra nessa história?

Só tem um jeito de responder satisfatoriamente e com agradável surpresa: vá ao Rio Grande do Sul, guri, mais precisamente no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, tchê.

Foi o que fizemos: eu e minha companheira inseparável de viagens e outras aventuras. Fomos pra uma pousada dentro de uma vinícola, que não deixa nada a desejar pra’s de Mendoza e Santiago: Casa Valduga!

Vale dos Vinhedos é muito bom. A rua principal ou estrada é em pedra com vinícolas dos dois lados, a perder de vista. Alma Única, Barcarolla, Miolo, etc.

Todas as bodegas possuem degustação, outras ainda tem restaurantes típicos, passeios a cavalo ou de bike e muito, muito vinho e também espumantes, considerados os melhores do mundo. Principalmente os de Garibaldi.

Acabei comprando algumas caixas e despachando pra Bicas. As uvas que mais se dão bem no sul são as Cabernet Sauvingnon, as Merlot e as Shiraz.

O terroir nacional é fantástico, os tonéis de carvalho, armazenados em porões centenários e os vinhedos muito bem cuidados, simétricos.

No meio disso tudo, por grande influência das colonizações alemã, italiana e portuguesa, ainda, tem as comidas típicas de deixar o caboclo sem respiração e sem pressa, pois, como disse alguém aqui pro’s lados de Tiradentes, a pressa é inimiga da refeição!

Saúde!