Vacinação contra Covid não causa infarto, reforça especialista

Após dois anos do início da aplicação de doses contra Covid no Brasil, fake news sobre o tema continuam circulando nas redes sociais

Por Tribuna de Minas

Vítima de infarto aos 30 anos, há cerca de um mês faleceu o zagueiro Cristiano Santiago, ex-Tupynambás, em Juiz de Fora. Nas redes sociais, o comunicado da fatalidade cedeu lugar a especulações, feitas por alguns leitores da notícia, sobre efeitos colaterais da vacina contra a Covid. Em vista disso, a Tribuna conversou com o Ministério da Saúde, que assegurou a segurança dos imunizantes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa), e com o infectologista Marcos Moura, que alertou sobre os perigos dessas suposições equivocadas, que não passam de fake news.

A associação entre doenças cardiovasculares como infarto e arritmias cardíacas a supostos efeitos da vacina contra a Covid não se mostraram verdadeiras, conforme observa o pesquisador do Laboratório de Epidemiologia Molecular e Bioestatística da Fiocruz-BA, Marcos Moura.

Já o Ministério da Saúde reforçou, por meio de nota, que pesquisas descartam relação causal entre a vacina e o aumento de risco de infarto do miocárdio ou AVC em pessoas imunizadas. A pasta destaca, ainda, que já há instrumentos suficientes para desmistificar esses possíveis riscos atrelados ao imunizante.

Na contramão dos questionamentos que colocam em cheque a efetividade da vacina, ainda foi descoberto que, em casos graves de miocardite, condição em que o tecido muscular do coração inflama e causa a sua morte, os imunizantes funcionam como um aliado na proteção do indivíduo, afirma o Governo federal.

Efeitos colaterais

Conforme o Ministério da Saúde, os efeitos colaterais mais comuns da vacina contra a Covid são dor, vermelhidão no local da aplicação e febre. Contudo, grande parcela da população não apresenta nenhum desses sintomas. “Eventos adversos, inerentes a qualquer medicamento ou imunizante, são raros e apresentam risco significantemente inferior ao de complicações causadas pela infecção da Covid-19”, esclarece a pasta.

Também procurada, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reiterou tanto a eficácia quanto a segurança do imunizante contra a doença. “Os efeitos adversos graves são extremamente raros e possivelmente associados a fatores pré-disponentes individuais. Vale destacar, ainda, que não há histórico de pessoas que tenham apresentado efeitos tardios com relação a doses administradas anteriormente”, pontuou o instituto.

Vacina: método mas eficaz de prevenção a doenças

Para Marcos Moura, é importante frisar que a vacinação continua sendo o método mais eficaz para a prevenção de várias doenças, já que provoca poucos efeitos colaterais e proporciona extrema eficácia e proteção. “Estamos aqui porque vencemos várias doenças. Conseguimos erradicar até algumas delas pela vacinação em massa”, reforça o infectologista. “Não vacinar hoje seria um contrassenso à saúde da população em geral.”

Nesse mesmo sentido, o Ministério da Saúde lançou o Movimento Nacional pela Vacinação, com o objetivo de voltar a situar o país como referência em cobertura vacinal no mundo.

Enquanto isso, os imunizantes continuam em desenvolvimento e produzidos para garantir o máximo de segurança. Um exemplo dado por Marcos Moura são as recentes pesquisas relacionadas a vacinas de RNA, que podem atuar no tratamento de infecções de modo mais específico, com menos efeitos colaterais e mais eficiência.

“Hoje em dia vemos muitos estudos para proteção de doenças infecciosas, principalmente as de grande gravidade que já levaram ou podem levar a uma epidemia.” Como novidade, já estão sendo manejados imunizantes de herpes zoster e dengue. Um caminho que, para o médico, vem mostrando o potencial de, se não eliminar totalmente, neutralizar muitas doenças.