Uma volta no tempo XXVII

< Essa nota foi publicada originariamente na CZA-internet, dia 18/05/2003, e traz a participação especial dos saudosos Carlos Augusto Machado Veiga e Júlio C. Vanni. O Instituto Histórico José Maria Veiga foi inaugurado dia Primeiro de Maio de 2003 > 

Instituto do Patrimônio Histórico “José Maria Veiga”

O Departamento de Cultura do Município, o prefeito e representantes dos vários seguimentos da comunidade tinham dúvidas de como seria implementado esse processo. À medida que as conversações foram se desenvolvendo e, através das orientações do Conselho Curador do IEPHA/MG, houve o entendimento de que se tratava de um trabalho da mais alta importância.

Por mais que se conheça a realidade da nossa terra, não se conseguem alcançar todos os pontos de estrangulamento, todos os obstáculos, todas as potencialidades; enfim, as dificuldades e facilidades que devem estabelecer a ordem de prioridade do setor histórico e cultural.

O Conselho Municipal do Patrimônio de Bicas, logo que criado e designado seus membros, levanta os dados históricos da cidade: capacidade instalada, demandas atuais e projetadas. Assim sendo, chega a indicadores que irão nortear as políticas municipais voltadas a esses setores.

Terminada essa etapa, o Conselho debate sua primeira versão com a Prefeitura e a Câmara Municipal, além de outras autoridades e de uma significativa representação de educadores e membros da comunidade.

Na oportunidade, aquilata-se a importância do trabalho, especialmente no sentido de o município estar dotado, a partir de então, de um excelente instrumento de políticas públicas voltadas para a preservação do patrimônio histórico e acervo cultural.

Discurso de José Carlos Penchel

O patrimônio cultural é a expressão viva da identidade de um povo e o seu reconhecimento solidifica os laços da cidadania e da liberdade. Consciente de suas raízes comuns e de seu lugar na evolução do tempo, cada geração se reconhece como elo de uma cadeia que vai, afinal, com dignidade, ocupar o seu espaço na história.

Temos a honra hoje de poder estar participando e contribuindo para a criação do Instituto Histórico “José Maria Veiga”. Felizes por sabermos que estamos transmitindo às gerações futuras nossa infinita preocupação com o passado.

Por tudo isso, agradecemos às pessoas que estão tornando possível esse sonho: ao prefeito, dr. Antônio Carlos Barreto, por seu apoio e sensibilidade; ao vice-prefeito, Onocir Longo, incansável e prestimoso colaborador;  ao professor Júlio César Vanni, por nos ter concedido o privilégio de trabalhar e aprender com ele; ao Peterson Xavier Vicini, pela solidariedade e participação constantes; finalmente, aos operários da prefeitura que, em momento algum, nos faltaram com o seu trabalho.

Gratos a todos, pedimos licença para lembrar um verso de Drumond, que bem retrata todo o esplendor deste momento: “As coisas tangíveis tornam-se sensíveis à palma da mão, mas as coisas finas, muito mais que lindas, essas ficarão”. Muito obrigado.

(José Carlos de A. Penchel é Diretor do Departamento Cultural de Prefeitura de Bicas)

Carlos Augusto M. Veiga disse…

A minha palavra é de agradecimento… Eu quero agradecer a todos aqueles que participaram direta ou indiretamente para que se instalasse o Instituto Histórico em Bicas… O nome de José Maria Veiga… Isso foi no início, quando eu e o Nelson Ramos conversávamos desinteressadamente sobre o assunto, e ele pediu aos vereadores que se criasse o Instituto… Imediatamente, a Câmara se reuniu e votou a lei…

Tempos se passaram, e hoje nós vemos a sua instalação… É um mérito que o dr. Barreto teve, tomando a frente e conseguindo organizar, em tempo razoável, não tudo que talvez possamos organizar aqui dentro do nosso arquivo… Eu creio que, com a colaboração de todos que têm interesse em preservar a memória da nossa cidade e região, em pouco tempo, teremos este espaço ocupado e, por certo, ele terá que ser aumentado, porque a nossa história é rica…

A sugestão do nome José Maria Veiga para o Instituto, idealizado por Nélson Ramos, não foi só pela amizade, mas porque sabia que o homenageado tinha o mérito de guardar tudo que passava em suas mãos… Gostava de arquivar qualquer tipo de documento…

Quando o meu pai sentiu que O Município corria um sério risco de deixar de sair, colocou-se à disposição do deputado Oliveira Souza, dono do jornal e assumiu o compromisso de sua continuidade… Por quase 5 décadas, ele manteve o jornal, hoje por conta do meu irmão, José Maria Machado Veiga…

As páginas amareladas do jornal contêm toda a história da região e  de Bicas, desde a sua fundação… A semente do nosso jornal foi plantada pelo coronel Joaquim José de Souza que, no dia 10/04/1916, editava pela primeira vez a Gazeta Municipal, que dois anos depois foi passado para o seu filho, José Maria de Oliveira Souza… No início de 1923, devido à dissidência entre Bicas e Guarará, o dr. Oliveira fechou a Gazeta Municipal e o reabriu com o nome de O Município, cuja finalidade era cortar os vínculos que existiam entre o antigo jornal e a política de Guarará…

(O odontólogo e historiador, Carlos Augusto Machado Veiga falou em nome da família de José Maria Veiga)