Um causo à parte / Memórias / Tira Couro
Tira Couro
Quando ainda era mocinha, Bicas teve seu primeiro caso de crueldade. Ali por perto dos anos quarenta, havia na parte alta da cidade um malandro de fato… Zé Pretinho, mulato vindo não se sabe de onde, sentou praça nas imediações da zona boêmia.
Jogava capoeira, tinha uma enorme habilidade com a navalha, era encrenqueiro, rufião e gigolô… Ele tinha um caso com a mulher de um vizinho, que quando descobriu, foi tirar satisfações. Zé Pretinho deu-lhe uma surra e ainda tripudiou: “Não faça nada com ela, senão, vai apanhar novamente…”
Tempos depois, Zé Pretinho foi encontrado morto perto da zona, sem a pele de quase todo corpo, inclusive do rosto. O couro do malandro foi dependurado numa porteira de uma fazenda nas bandas do campo do Leopoldina… Uma testemunha viu sangue descendo junto com a chuva, rua abaixo, mas não identificou quem cometeu o crime.
A população, apesar de perplexa, sentiu-se aliviada… A rua onde aconteceu o crime recebeu o apelido de “Tira Couro”. Nós que morávamos na parte baixa, achávamos que toda parte alta se chamava Tira Couro…
Bicas bárbara!