Um causo à parte / Memórias / Tesoura voadora

Tesoura voadora

Nossa rua era muito antenada. Armamos um ringue com quatro estacas amarradas com corda de bacalhau e deixamos tudo pronto para o “telecatch”…

O juiz tinha que ser um moleque mais velho e honesto. Cachaço era da nossa idade, porém grande e forte, o danado batia em todo mundo. Paulo da Durica tentou dar uma tesoura voadora nele e ficou pela metade… suas pernas ficaram presas em seu pescoço.

Cachaço aproveitou e aplicou-lhe um golpe encostando suas costas no chão;  assim, ganhando mais uma luta…

Passamos um bom período com essa brincadeira meio pesada, que era fruto de um programa de televisão dos anos 60, que virou febre nacional. Quem é daquele tempo se lembra com facilidade de Ted Boy Marino, Tigre Paraguaio, Verdugo, Rasputin e muitos outros…

Eu ia no Bar do Agostinho todos os sábados assistir às lutas. Esse sucesso se deveu, principalmente, à popularização da televisão e à teatralidade das lutas.

Era o bem contra o mal. Teve lutador que virou ídolo e fez carreira longa na tevê. Eu apanhava, mas me divertia no campinho da Rua do Brejo…

Bicas engalfinhada.