Um causo à parte / Memórias / Na Barbearia São Jorge
Na Barbearia São Jorge
Movimento fraco, eu varrendo o salão e os barbeiros na porta fazendo chacrinha. Meu pai, seu Alípio e o Sr. Augusto jogando conversa fora, quando chegou Sr. Israel e relatou o que havia acontecido na noite anterior no seu botequim: “Imaginem vocês, ontem a turma pegou
o Moraes, aquele folgado”.
Pato Rouco e Dulim prepararam um gato como se fosse coelho e deixaram bem no jeito. O “Serrote” já foi chegando e pegou logo a coxa do bichano, achando que era uma lebre. E comentou: “Nossa, que coelho gostoso! Quem preparou?”
O botequim ficava perto da praça dos aposentados e era um ponto de encontro de quem gostava de uma cerveja Portuguesa bem gelada e um tira gosto de primeira. Morais era especialista em “filar” nas mesas dos outros e não pagava nada para ninguém. Quando ele já havia comido quase todo o gato, suspeitou que nenhum colega sequer beliscara aquele delicioso petisco.
Foi quando a turma avisou que ele tinha saboreado um felino doméstico. Moraes esbravejou e disse que tinha asma e, se morresse a culpa seria deles. Saiu pisando duro, quando Pato Rouco gritou: “Tomara que não apareça mais aqui seu unha-de-fome!!!” Meu pai e os outros adoraram a história. Seu Alípio completou: “Vou fazer a barba do Dulim por uma semana de graça…”
Bicas sacana.