Um causo à parte / Memórias / Entrevero no galinheiro 2
Entrevero no galinheiro
Lá em casa estavam fazendo uma arrumação no galinheiro para botar a morada das galinhas em ordem. Meu pai passava caiação nas paredes, minha mãe ajeitava os ninhos e limpava os poleiros…
A carijozinha tá querendo chocar novamente!!!, exclamou solertemente D. Ana. João Belo aproveitou e encaixou: “Amanhã o Uricão vai me trazer uns ovos azuis lá de Ponte Nova, que encomendei”. “Deus me livre!!! E se der pintinhos de três pés?”, rebateu ela. Meu pai retrucou: “Calma, são ovos normais de galinhas, só as cascas que são azuis e vai ser bom para renovar nosso galinheiro…” Minha mãe, meio cismada, não respondeu…
Terminados os trabalhos, meu pai disse que precisava resolver a situação do galo legorne, pois ele estava muito velho e não dava mais conta do seu serviço. Minha mãe falou que era melhor leva-lo até à casa da Dona Ciloca, para dar fim nele, pois comer o galo do próprio terreiro dava azar e poderia trazer desgraças…
Era costume essa troca quando o galo principal do quintal chegava ao fim da linha. Logo nasceu uma ninhada com mais de dez pintinhos e a carijozinha cuidava com muito esmero de todos que tinham os pés normais…
Bicas cacarejando!