Um causo à parte / Memórias / De frente pro crime

O MUNICÍPIO está recordando os pitorescos contos do livro “Bicas, um causo à parte”, do saudoso Vasco Teixeira, prestigiado ex-colunista do jornal. Um biquense que também fez história nas cidades de São José dos Campos (SP) e Paraisópolis (MG), onde estava radicado. O Tiãozinho da Rua do Brejo era multifacetado: metalúrgico, político, cronista, escritor, artista plástico e mais.

De frente pro crime

Colhíamos mangas na beira do córrego, quando Bita veio correndo dizer que estavam vindo dois soldados. Descemos depressa e ficamos morrendo de medo. Severino e Isaías
passaram pela ponte, cumprimentaram alguns moradores e subiram a Rua do Brejo. Ely achava que eles iam à casa da Dona Hilda. “No Jair Cotta”, palpitou o Miro.

Os soldados, vestindo uniformes impecáveis e completos, foram varar na casa do Bituca. Uma casa simples que ficava numa viela. Chamaram pelo proprietário e foram
entrando. Desta vez Bituca não escapou. Severino explicou que o motivo deles estarem ali, era uma reclamação da Dona Bebete sobre o sumiço dos seus gatos. “Outra vez”!!!, exclamou o
morador, “eu não tenho nada com issi”, concluiu.

Enquanto isso, Isaías foi por trás da casa e viu a prova do crime: três couros de gatos esticados para fazer tamborim…

Bijuca tentou justificar dizendo que era couro de jaguatirica, que tinha caçado na matinha. Bravo, Severino retrucou: “Você acha que somos idiotas? Nessa mata não tem nem gambá, ainda mais jaguatirica albina com rabo de angorá. Teje preso!”.

Desceram a rua com o Bituca, entre os dois. As bruacas nas janelas como sempre: “Coitado, é para alimentar sua família”, outra: “Bem feito, tomara que fique numa jaula com os leões do circo”.

Bebete, de sua casa, no alto, observava tudo com um certo ar de alívio…

Bicas na lei…