Um causo à parte / Memórias / A alma do negócio

A alma do negócio

Desde quando inventaram o dinheiro, o homem vem usando a criatividade para captá-lo. Zé Longo tinha um bar perto da Estação, vizinho do Açougue do Lourinho. O negócio andava meio borocoxô e precisava de uma injeção de ânimo, pois só tinha movimento de moscas…

Ele que era um marqueteiro nato, resolveu mudar seu espaço interno… Colou no teto rótulos de bebidas, colocou uma estufa para conservar os salgadinhos de ontem e, principalmente, afixou uma lista com os nomes dos bêbados, com a data de seus óbitos…

Aquilo logo causou um alvoroço. Nós, curiosos, íamos lá: “Cheiroso”, morte até junho; “Mário Lobisomem”, não passa de setembro; “Valdevino”, a qualquer momento. Não me lembro se a lista acertou algum prognóstico…

E assim, o bar aumentou a frequência e também o faturamento. Os citados na lista ficaram uma fera, mas como naquela época não existia a baboseira do politicamente correto, ficou o dito pelo não dito.

Zé Longo com seus olhos claros, sorriso rotineiro e humor esquisito, nos deu uma aula de como aumentar as vendas…

Bicas surfando na onda!