Um causo à parte / Memórias

O MUNICÍPIO está recordando os pitorescos contos do livro “Bicas, um causo à parte”, do saudoso Vasco Teixeira, prestigiado ex-colunista do jornal. Um biquense que também fez história nas cidades de São José dos Campos (SP) e Paraisópolis (MG), onde estava radicado. O Tiãozinho da Rua do Brejo era multifacetado: metalúrgico, político, cronista, escritor, artista plástico e mais.

Ao som do rádio

Na hora marcada, às 18 horas, minha mãe colocava o copo d’água na beira do rádio, pedia silêncio e assim começava a oração da Ave Maria com Júlio Louzada, na Rádio Tupi. Um programa que ficou quase cinco décadas no ar.

Minha irmã, às vezes, ajoelhava e seguia sem pestanejar todo o ritual que vinha nas ondas do rádio, que ficava numa prateleira no centro da sala. Meu pai encostado no portal da cozinha, também ouvia atento. Eu ficava pra lá e pra cá…

Júlio, com sua voz aveludada, mandava bem e conseguia paralisar todos os afazeres de muitos lares naquele horário. Era quase uma obrigação ouvir todos os dias a Ave Maria. Virou moda, além de expressão coletiva da fé.

Terminado o programa, às vezes, tomávamos um gole da água que se tornou benta por estar ao lado do rádio. Dona Ana dizia que era bom para criarmos juízo e também curava doenças. Assim terminava mais um dia de rotina.

Bicas orando!