Território demarcado

“Brazinha”, nossa nave mãe, era um bar muito frequentado. Além de cerveja geladíssima, os tira-gostos cheiravam longe… Fins de semana então, a coisa fervia.

Numa noite de sábado, nosso guru da orgia, Pinguim, adentrou meio chumbado com a camisa de cantor de boleros: estampada, com abotoaduras brilhantes e colarinho alto com paletas na ponta da gola, quase esbarrando nas orelhas…O cabelo do amigo estava tomado por gomalina. Se aboletou no balcão e, com aquela conversa mole, bradou:

“Zé, manda um scott duplo, pois a noite é uma criança e hoje vamos brincar com ela lá na Paulina”… João, irmão da Paulina, o valentão, estava tomando uma no balcão e não gostou… Partiu pra cima do nosso querido guru.

Porém, ele não contava com a astúcia do nosso galinho de briga, o Éder Jofre dos pobres: Maninho atracou com o valentão, dando-lhe uma surra. João saiu com a orelha vermelha, olho inchado e o nariz sangrando.

Ali não era o local para valentia externa. Depois que as coisas se acalmaram, Pinguim deu uma ajeitada na indumentária, cantou um pedacinho de Besame mucho, tomou seu uísque numa golada só e bravateou: “eu não precisava de ajuda, aquele otário já ia levar uma rasteira, mas já que aconteceu, vou pagar um scott pro Maninho e uma cachaça para quem ficou do meu lado”.

Imediatamente o balcão ficou cheio de copos e a cachaça rolou junto com boleros e a satisfação do grupo que sempre esteve unido… Bicas do mesmo lado.