Santa Casa dobra sua capacidade em leitos de terapia intensiva
Ainda mais moderno e confortável, CTI do 5º andar conta com leitos e apartamentos com monitor multiparâmetros, bomba de infusão, ventiladores e instalação para hemodiálise. Projeto arquitetônico privilegia elementos que asseguram mais qualidade para pacientes e profissionais
Estava tudo preparado para a inauguração em abril do ano passado, mas a pandemia de Covid-19 alterou os planos e, um mês antes do previsto, o mais novo Centro de Terapia Intensiva (CTI) da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, com 30 leitos, localizado no quinto andar, já recebia exclusivamente pacientes vitimados pela doença que ainda preocupa o mundo. Com a redução do número de casos, no entanto, a partir do sucesso da campanha de vacinação, o hospital, finalmente, pode abrir, nesta semana, após pequenas intervenções, os novos leitos para o atendimento de uso geral.
Ainda mais moderno e confortável, o novo CTI conta com leitos e apartamentos com monitor multiparâmetros, bomba de infusão, ventiladores e instalação para hemodiálise. As camas abaixam a até 20 centímetros do chão, para que não seja necessária a utilização de escadas, reduzindo-se, assim, o risco de quedas. O colchão é especial, para não produzir escaras, isto é, lesões que aparecem no corpo pelo fato de se ficar muito tempo deitado.
Nos apartamentos, as portas de vidro possuem persiana embutida que, além de oferecer privacidade ao paciente, também integram o conjunto de estratégias que evitam a contaminação do ambiente. Para entrarem nos leitos, os profissionais de saúde passam antes por uma antecâmara destinada à paramentação e à higienização das mãos que amplia as medidas de segurança.
A nova unidade de terapia intensiva possui também quartos de isolamento por doença infectocontagiosas, como, por exemplo, varicela, tuberculose, Influenza e Covid-19. O sistema de ar condicionado, com pressão negativa, previne que microorganismos contaminem, infectem ou colonizem outras pessoas. Para isso, é dotado com filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air) capaz de eliminar do ambiente até os menores fragmentos de pó. Extremamente eficazes, conseguem filtrar 99,9% das impurezas, e exterminam com muita eficiência ácaros, bactérias e vírus.
“O novo CTI da Santa Casa é mais uma evidência do quanto temos nos empenhado, durante todos esses anos, para garantir que tecnologia, humanização e gestão caminhem juntos e sejam colocadas a serviço da segurança do paciente e dos nossos profissionais de saúde. Temos compromisso com a educação continuada, com a excelência do atendimento e, sobretudo, com a vida humana”, ressalta o presidente da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Renato Loures.
Equipes multiprofissionais de saúde foram escolhidas após rigoroso processo seletivo
Ainda para o atendimento exclusivo aos pacientes com Covid-19, em março do ano passado, a Santa Casa de Misericórdia implementou um rigoroso processo seletivo, para a definição das equipes multiprofissionais que iriam atuar na nova unidade, observa o Coordenador do CTI Cirúrgico e do CTI do 5º andar, o médico Eduardo Borato.
“Fizemos uma seleção criteriosa dos profissionais que iriam trabalhar já com a intenção de manter esses leitos de forma permanente, porque, naquele momento, iriam atender pacientes com Covid, mas posteriormente, como planejado, seriam destinados a pacientes clínicos e cirúrgicos”, explica.
Além de providenciais, em um período que Juiz de Fora mais precisou, os 30 novos leitos contribuem, agora, para reduzir o déficit que a cidade apresenta de equipamentos com esta característica.
“Sob este aspecto, a Santa Casa de Misericórdia se coloca, novamente, como hospital de excelência na terapia intensiva, assim como também caminha de forma muito consistente, nos últimos dez anos, na formação médica e das equipes de saúde”, completa Borato, satisfeito pelos índices alcançados.
“A gente fica muito orgulhoso de ver o resultado dos nossos números em relação ao CTI. Números são apenas uma forma objetiva de medir a eficiência do trabalho, mas também há a satisfação em ver as questões práticas reveladas em nosso dia a dia. Temos uma equipe multidisciplinar homogênea, coesa, atualizada e que coloca o coração na mão para cuidar dos pacientes”, acrescenta o coordenador.
Inovação só existe quando toca a alma humana
Com projeto arquitetônico que prioriza a humanização do ambiente, o novo CTI dispõe de leitos com tevês para os pacientes e janelas amplas para a iluminação com luz natural que traz mais aconchego e acolhimento. Em alguns casos, inclusive, – no pós-pandemia – acompanhantes poderão ficar junto aos pacientes e terão, para seu próprio conforto, sofá, mesa para refeições e armário no quarto.
“Nos inspiramos em pesquisas que realizamos há mais de 12 anos de experiência na ARTO Arquitetura e Saúde. Arquitetura é sobre o cotidiano. A inovação está na observação dos processos. A maioria das pessoas confunde tecnologia com inovação. A inovação só existe se ela toca a alma humana”, observa a arquiteta e professora da PUC-Rio, Moema Falci Loures.
“Trabalhamos com diversas distrações positivas. São pequenos detalhes que fazem toda a diferença na passagem de um paciente por um CTI. O importante é deslocar o foco da doença. Nosso lema é desenvolver projeto com as pessoas e não para as pessoas, sem nos esquecer que tudo o que fazemos é lançar sementes. Mas, o mais importante é despertar o desejo de vida em um ambiente de tanta fragilidade”, acrescenta Moema.
Por isso, elementos arquitetônicos e artísticos buscam criar uma conexão com a vida, embora, muitas vezes isso se dê, propositalmente, de forma abstrata, a fim de gerar curiosidade na equipe médica e nos pacientes. “As imagens não têm forma definida e só fazem sentido no seu conjunto. Junto com a consultoria da bióloga Marina Souza, que também é professora da PUC-Rio, selecionamos fotografias de imagens microscópicas de grupos de células. Esses tecidos do corpo humano têm como função revestir e proteger, assim como nosso trabalho”, finaliza a arquiteta.