Revisão no Minas Consciente deve permitir comércio na onda vermelha
Estudo da fase III será levado ao Comitê na próxima semana; todas atividades poderão funcionar com restrições
O secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, confirmou, nesta quinta-feira (21), que o Governo está finalizando estudos para nova revisão no programa Minas Consciente, que prevê o funcionamento das atividades produtivas, atualmente determinadas por três ondas: vermelha, amarela e verde.
Prefeitura
“A minha preocupação é que ele falou ‘na semana que vem’, mas a semana começa na segunda e termina na sexta. Do jeito que estamos, todas as empresas estão quebrando. Até agora já ficamos 140 dias fechados e perdemos quatro mil trabalhadores. E eles não arranjaram outro emprego, porque ninguém está contratando com esse receio de ficar fechado. As empresas não podem mais esperar e não têm culpa. Fechar o comércio não é solução.”
Beloti voltou a lembrar que, ao contrário de Juiz de Fora, cidades importantes, como Belo Horizonte e Uberlândia, optaram por seguir seus próprios protocolos e interromperam as atividades por menos dias. “As pessoas trabalhando não são disseminadoras (do vírus). Quem está com tempo vago sim, provoca churrasco, viagem para a praia, vai provocando tudo. Essa estratégia de fechar para as pessoas ficarem em casa não está funcionando há muitos meses. Os 14 dias que ficamos fechados a partir de 26 de dezembro, por exemplo, provocou um feriadão em que as pessoas saíram de Juiz de Fora e retornaram trazendo tudo para cá. Minas teve uma explosão de casos, não havia dúvida de que haveria uma consequência desastrosa.”
O secretário estadual de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, garantiu que o Governo de Minas está atento ao comércio. “Haja vista que, em dezembro, nós tínhamos uma condição até de crescimento de casos e conseguimos ter uma orientação às prefeituras para que o comércio ficasse aberto nas festas natalinas, com as medidas de segurança. Queremos isso: ser realmente uma referência, equilibrando a economia e a saúde.”
Setor de educação é analisado à parte
À frente da Secretaria de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral enfatizou que o setor de educação é visto à parte, porque não está vinculado diretamente ao Minas Consciente. “É importante lembrar que, em setembro, o Governo de Minas orientou o retorno às aulas, com todos os cuidados. Teremos agora uma rodada de estudos, já vislumbrando esse momento, que passará por nova revisão, junto com a Secretaria Estadual de Educação e a Sociedade de Pediatria.” Segundo ele, o objetivo é dimensionar os impactos e ter base científica para orientar a população.
O secretário lembrou que o Minas Consciente, quando idealizado, foi o primeiro programa estadual criado para aliar a atividade econômica à saúde. “Somos pioneiros no país. Isso demonstra que o Governo de Minas tem uma preocupação muito clara em compatibilizar a saúde com a economia, uma vez que esta é um dos determinantes da saúde também.” Ele complementou que o Minas Consciente foi pensado, inicialmente, para frear uma explosão de casos.
“A fase I do programa foi até agosto. Depois, começamos a identificar um platô e caminhamos para a fase II, fazendo uma revisão e aproveitando todo o aprendizado exposto nas literaturas. Agora, com a chegada das vacinas, estamos reavaliando o Minas Consciente. Teremos a fase III. Estamos encerrando os estudos, e a ideia é projetar já para longo prazo, com a possibilidade do direcionamento, para que seja mais perene, contemplando todas as a atividades econômicas.”
Secretário comenta saída de Governador Valadares
Sobre o desligamento do município de Governador Valadares do Minas Consciente, anunciada também nesta quinta-feira (21) pelo prefeito André Coelho Merlo (PSDB), em entrevista à CBN/JF, o secretário estadual de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, disse não ter sido comunicado, particularmente, até a manhã desta quinta.
“Mas a definição de aderir ou não ao Minas Consciente é de cada prefeito. Nós, do Estado, entendemos que é um dos programas mais robustos e qualificados. Com a equipe técnica (da Secretaria de Saúde), junto com a Secretaria de Desenvolvimento, estamos fazendo um trabalho muito correto. Estamos sinalizando toda a evolução da epidemia e, efetivamente, dando um norte para os municípios. Continuamos sendo um porto seguro para que os prefeitos tenham toda a orientação.”
Governador Valadares tem cerca de 300 mil habitantes e lidera uma macrorregião de 40 municípios. A partir de agora, as ações de combate à pandemia serão feitas pela própria Prefeitura, por meio de decreto previsto para ser publicado nesta sexta (22). A ideia é que toda a economia volte a funcionar em todas as três faixas a serem determinadas, mas com restrições, a fim de evitar o abre fecha do comércio.
Governador Valadares tem um dos maiores número de óbitos em Minas, em torno de 500, e ocupação de cerca de 80% dos leitos de UTI.
Vacinação
Sobre a vacinação em Minas, o secretário estadual de Saúde destacou que foi realizada uma das maiores operações para distribuição das primeiras doses. “Foi muito importante para nós essa logística: Recebemos essas vacinas em território mineiro às 20h de segunda-feira (18); a equipe da Saúde passou a noite inteira separando e conferindo para que pudessem ser enviadas às regionais; de manhã, às 4h30, enviamos as vacinas para o aeroporto de Belo Horizonte e, até meio-dia, todas as vacinas já estavam nas regionais do estado.”
Ainda segundo Carlos Eduardo Amaral, toda a descentralização para os 853 municípios contou com escolta policial, para ter certeza que as vacinas chegariam aos destinos. “Praticamente cobrimos o estado inteiro em menos de 24 horas. A operação respondeu à demanda da sociedade e mostrou a sinergia entre as secretarias, uma vez que quem nos apoiou foram as forças de segurança.”
Ele acredita que não deve demorar a chegada de um segundo lote em Minas, após a divulgação pelo Instituto Butantan de mais 4,8 milhões de doses prontas. “Teremos uma reunião com o Ministério da Saúde para definir qual será o próximo grupo, mas tenho certeza que agora as coisas vão começar a andar. Estamos prontos para distribuir as vacinas e os insumos aos municípios.”