Relembrando o João Varanda
O jornalista biquense Marcelo Barreto, mais uma vez, lembrou-se da terrinha e mencionou o Estádio João Varanda, do Esporte Clube Biquense, em sua coluna de domingo passado, intitulada “O Carioca, uma lembrança”, no jornal O Globo.
O início da coluna era nosso, tudo nosso… Assim…
O Estádio João Varanda não tinha arquibancada. Os torcedores assistiam às partidas de pé, entre um bambuzal e o alambrado, virando à direita ao passar pelos vestiários depois da entrada. Um vendedor de laranjas percorria a lateral do campo com seu carrinho, que tinha acoplado um aparelho parecido com um apontador de lápis gigante para tirar a casca numa só tira espiralada, com ajuda de uma manivela — os bagaços eram guardados para saudar o trio de arbitragem. Do outro lado, num canto à frente do muro que separava o terreno de uma fila de eucaliptos, ficava o placar, com os números impressos em chapas que iam sendo trocadas por um garoto pendurado no alto de uma estrutura metálica (o ferro era material farto em Bicas, na época ainda sede de uma estação e de uma oficina da Rede Ferroviária Federal): E.C. Biquense x Visitante.
Essa foi minha primeira experiência num estádio de futebol. Tenho as mais carinhosas lembranças das manhãs e tardes que passei ali, vendo meu pai jogar na defesa do Esporte — ou Baeta, como chamávamos nosso time — e também entrando em campo, para treinar na escolinha do Seu Zé Vieira. Poucas vezes usei a camisa vermelha em jogos à vera e me mudei para Juiz de Fora antes de realizar o sonho de ser titular do time juvenil —o que hoje sei que jamais aconteceria, porque havia muita gente melhor do que eu na cidade. Mas fui embora realizado, como atleta e torcedor: o passado ficou no passado, que é o seu lugar.