Preço do combustível deve voltar a subir na primeira semana do ano
Apesar da queda de 2,71% no preço médio do litro ante dezembro de 2019, Petrobras anunciou reajuste de 5% para o combustível
De acordo com a ANP, o levantamento de preços foi interrompido no final de agosto por conta do fim do contrato com a empresa responsável pelas pesquisas. A agência chegou a assinar contrato com uma nova empresa, e o sistema passou por aprimoramento, sendo que a divulgação das pesquisas foi retomada em 23 de outubro. Entretanto, a mesma está ocorrendo de maneira gradual. Ainda segundo a ANP, na primeira etapa, o levantamento abrangeu as 26 capitais estaduais e o Distrito Federal. A adição das demais localidades se dará ao longo de oito fases.
Assim como o diesel, o etanol consumido pelo juiz-forano também teve um aumento de preço ao longo de 2020. Neste caso, os valores subiram 3,9%. O levantamento da Tribuna feito nesta terça mostrou que o combustível está custando, em média, R$ 3,498. O preço mais baixo é de R$ 3,44, enquanto o mais alto está a R$3,59. O preço médio de dezembro de 2019, segundo a ANP, era de R$ 3,367, variando entre R$ 3,15 e R$ 3,599.
Ano atípico interfere no mercado
Neste ano, o reajuste dos preços dos combustíveis não deve ter sido influenciado por uma questão de sazonalidade, mas sim pela atipicidade do ano para a economia de maneira geral, de acordo com o professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fernando Perobelli. Por ser uma commodity, as flutuações dos valores dos combustíveis dependem do contexto mundial, desta vez impactado pela pandemia da Covid-19. “Nós temos independência no que se refere ao refino do petróleo, mas não temos independência total no que se refere à produção. O Brasil ainda é um país que necessita desse insumo vindo do exterior. Como o mundo está em crise, é um efeito de encadeamento”, explica.
Apesar do anúncio dos novos ajustes para as refinarias, o consumidor pode levar um tempo até sentir os efeitos nos postos de gasolina. Conforme o especialista, dois fatores podem influenciar nessa questão: o estoque de combustíveis e as restrições econômicas do contexto atual. “Como é um bem passível de estocar e se você pensar que, no período todo de pandemia, tivemos uma menor circulação das pessoas e menor transporte de mercadoria, então isso pode fazer com que haja um estoque maior”, diz. “O segundo ponto é que, dadas as restrições que nós estamos vivendo, pode ser que as distribuidoras diminuam sua margem de lucro e retenham esse repasse para o consumidor.”
De acordo com Perobelli, as restrições econômicas trazem também incertezas quanto ao movimento dos combustíveis no próximo ano. “O combustível é um insumo importante no contexto de formação de preços de uma série de produtos. Esses aumentos no preço podem provocar ainda mais recessão. Acho que a perspectiva é de cautela em relação a quantos aumentos e se teremos aumentos no ano que vem, por causa desse cenário de restrição que ainda temos.”
Justamente por serem produtos importantes para a economia brasileira, utilizados como matrizes energéticas para o transporte de carga no país, os combustíveis podem desencadear outras questões econômicas caso passem por mais reajustes. “Se você ainda repassar esse aumento de preço de um insumo muito importante, você impacta em diversos preços na economia. Em um momento em que temos perda de emprego e diminuição de renda, isso tudo cria um efeito desencadeado perverso na economia”, diz Perobelli. “Por isso, não acredito que tenhamos perspectivas de aumento muito grande no que se refere a esses insumos, a menos que tenhamos uma crise mundial profunda”, pondera.
Minaspetro não comenta variações
Questionado sobre os reajustes e como isso pode impactar nos valores praticados no mercado, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) informou que “não comenta diretamente alterações de preços nas refinarias, por se tratar de uma mudança em etapas anteriores ao nosso ramo de atuação (varejo)”. De acordo com a categoria, os estabelecimentos revendedores dos recursos “são apenas mais um elo na cadeia de comercialização”. Sendo o último elo no segmento de distribuição, os postos “dependem de decisões e repasses – caso estes aconteçam – por parte dos outros agentes do setor, ou seja, Governo, refinarias, usinas de etanol e companhias distribuidoras”.
No texto, o sindicato ainda manifestou insatisfação quanto à “alta tributação incidente sobre os combustíveis, que prejudica os consumidores, sufoca o empresário e provoca o fechamento de dezenas de estabelecimentos em toda Minas Gerais”.