Por favor, ressuscitem Keynes para 2018
Aí está a China, maior concorrente – e maior credora – dos Estados Unidos da América do Norte – in jeopardy -, à beira de perder o topo do controle econômico financeiro do mundo, pela imposição do dólar como principal moeda básica do mercado, esta mesma China vem sugerir a criação de um fundo de reserva mundial, com uma moeda única e democrática, para estabelecer o real e necessário equilíbrio entre as nações produtoras e consumidoras do mundo.
Parabéns, China! Egressa de um comunismo cruento, se transforma em exemplo para aquilo que combatia: o capitalismo perverso e antissocial. A estúpida e hipócrita frase de que “o dinheiro é um mal necessário” tem sido de perversa valia para agiotas, demagogos e populistas, que fazem com “tudo pelo social”, a fim de se locupletarem com as verbas que controlam. Marcuse, pela esquerda, e São Tomás de Aquino, pela direita (?), foram veementes em suas dialéticas de bem estar social, justificando que cabe ao homem impedir que seu semelhante o avilte, o roube e o miserabilize.
O direito de cada um começa onde termina o direito do outro. A moeda única, mais do que uma necessidade da China, para fazer concorrência ao dólar de seu maior devedor atual, é um compromisso da economia e dos verdadeiros economistas com a democracia financeira e com a mais elevada distribuição de rendas, único meio de acabar com a maior desgraça criada pela economia criada para os ricos: a miséria solapante e desumana. Uma vez que os economistas, depois de David Ricardo, Adam Smith e Thomas Robert Malthus, apenas vieram – com raríssimas exceções – para tripudiar a instituição do dinheiro, como necessidade básica e benéfica para o progresso e riqueza das nações (leiam Adam Smith!), fica o dilema atual: riqueza para poucos e miséria para muitos.
E não faltou a indispensável presença moral e social do fantástico economista John Maynard Keynes, que abandonou a conferência que criou o tratado de Versalhes, por achá-lo um acinte à perdedora Alemanha, incapaz de pagar o exorbitante preço que lhe cobravam os vencedores da Primeira Grande Guerra e, depois de escrever obras sobre o nobre uso da moeda, em 1944, comparecer à Conferência de Bretton Woods, sendo um dos criadores do FMI – Fundo Monetário Internacional – e do BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – já se preocupando com o fim social prevalente na criação e no uso da moeda, inclusive sob controle de entidades que perduram.
Numa população mundial, atual, de cerca de 7 bilhões de habitantes – pasmem-se -, existem mais de 30% de seres humanos em condições de miséria. Mais importante do que o exemplo do euro, ao tentar unificar a economia europeia, do que a defensiva inglesa mantendo a independência de sua libra esterlina, do que os States tentando manter a dolarização da economia, ou do que a China sugerir uma moeda de fundo de reserva mundial, para repetir a estória do “dólar furado”, é a economia supra ideológica, suprapartidária, supra nacionalista, mas essencialmente civilizatória, igualitária e humanista assumir as rédeas do futuro maravilhoso dessa espécie que acabará se auto consumindo em nome do poder , da riqueza para alguns e da miséria para a maioria: a Espécie Humana, colocada no caldeirão da morte, pelas lutas e preconceitos entre as numerosas raças que a constituem!