Panaceia

Eu estava em frente ao Globo das Louças, quando avistei um aglomerado de gente na linha do trem perto da Casa do Compadre. Quando lá cheguei, vi um monte de cascas de madeira, um homem vendendo aquilo com bastante procura…

Robertinho Tiziu, que engraxava sapatos por ali, me informou que o vendedor garantia que as cascas curavam tudo. Fiquei curioso, cheguei mais perto, estiquei o pescoço e agucei os ouvidos.

O vendedor com voz convincente dizia: “Ipê roxo é a mais nova descoberta da ciência: cura doença ruim, dor de lado, bexiga solta, barriga d´água, flatulência e até fimose”.

Gente comprando como se fosse bilhete premiado… Cheguei na barbearia do meu pai e comentei com ele, foi quando ele me falou: “Não gosto desse negócio, não existe remédio para todos os males”.

O comércio de casca de ipê virou febre, não só em Bicas, mas em outras cidades também. Pouco tempo depois, surgiu um boato ou fato, que uma senhora havia morrido por intoxicação por causa do chá da casca. A família dos ipês agradeceu e foi como fechar a torneira: nem de graça se queria mais aquele remédio que curava tudo. Ficou a lição…Bicas dopada.