Os espinhos da vida
O quintal da minha casa, ao fundo terminava na matinha do Ginásio que, por sua vez, ia até perto do campo do Leopoldina. Bem perto de casa havia um jequitibá, que beirava os trinta metros de altura. Quando ele começava a soltar as sementes que ficavam dentro de uma proteção, logo se sabia que a pita que era a tal proteção iria se desprender e parar no chão. Eu descobri que a pita era a base dos cachimbos dos índios e também do Saci Pererê.
Lá no meio da matinha, nós (a molecada), fizemos uma gangorra de cipó imitando os filmes do Tarzan, que estavam bombando. A árvore ficava numa pirambeira e a fila enorme para se dar uma volta. A todo momento ia um moleque soltando um grito igual ao do astro do cinema. Aqueles mais ousados, paravam em outra árvore e depois pegava carona para voltar.
Como demorava bastante para chegar a vez para nova volta, alguém teve a ideia de gangorrar em duplas. Várias duplas decolaram sem nada acontecer, porém, quando eu e o Gá saímos, o cipó arrebentou e nós dois descemos rolando pelos arranha-gatos, passamos por uma amoreira e paramos numa moita de urtiga. Eu não sabia se coçava ou tirava os espinhos. Gá estava com o nariz inchado e a orelha ardendo de ralada. Os colegas se dividiram, uns riam e outros procuravam nos ajudar. Saímos e fomos nos lavar numa caixa d’água, que existia ali perto do Ginásio… Bicas Krig-Há, Bandolo!