O gibi
As histórias em quadrinhos no Brasil (também chamadas de HQs, gibis, revistinhas, ou historietas) começaram a ser publicadas no século XIX, adotando um estilo satírico conhecido como cartuns, charges e caricaturas e que depois se estabeleceria com as populares tiras. A edição de revistas próprias de histórias em quadrinhos no país começou no início do século XX. Eu desde muito novo fui apresentado aos quadrinhos e me tornei um aficionado. A principio minhas revistas favoritas eram O Fantasma (Caverna da Caveira, 400 anos, pigmeus Bandar, Patrulha da Floresta, Diana, Capeto e Héroi, muita ação, etc.) e Mandrake (mágico, hipnotismo em massa, Narda, Lothar, aventuras mirabolantes, etc.). O Superman (Kriptonita e Clark Kent), Flash Gordon (espacial com muita ficção e aparelhos que viriam a ser inventados anos depois) e o Batman (Caverna do Morcego, Batmóvel, Coringa, Pinguim e Charada) também tinham seu lugar. Também era febre os quadrinhos do Walt Disney com o Tio Patinhas, o Mickey, o Pato Donald, mais os Irmãos Metralha, o João Bafo de Onça, o Professor Pardal e até o Zé Carioca. Nessa época tudo era novidade e alguns quadrinhos europeus também apareciam por aqui como o Bolinha (Luluzinha), Hagar e Os Sobrinhos do Capitão.
No Brasil surgia o grande Maurício de Souza e A Turma da Monica (Cebolinha, Bidu, Magali, Cascão…). Até o Ziraldo andou se aventurando nessa área com vários personagens a partir do Menino Maluquinho.
Nos jornais, principalmente, no Caderno B do JB, e no Segundo Caderno de O Globo, haviam sempre as tirinhas do Fantasma, Mandrake, Brucutu, Família Buscapé, Príncipe Valente, Batman, Superman, etc.
Tempos depois surgiu a revista do Homem Aranha que impactou bastante junto com o Capitão América, Hulk e outros dessa fase.
Teve uma época que eu só lia Tex, um faroeste mais adolescente e mais complexo. Os criadores são italianos e as histórias muito bem elaboradas, além dos desenhos impecáveis. No mesmo padrão, o Zagor, com aventuras no Canadá.
Cada hora aparecia alguma coisa nova e foi assim que conheci O Asterix e o Obelix. Goscinny e Uderzo seus criadores, franceses, não pouparam esforços pra nos brindar com esses gauleses malucos que tomavam uma poção mágica preparada pelo Druída (uma espécie de Merlin do Rei Arthur) e passavam a ter uma força descomunal.
Esses gauleses, antepassados dos franceses, viviam as turras com império romano com ótimas histórias, relembrando com muito humor essa época, sempre parodiando os italianos e os desenhos fenomenais. Aliás bota fenomenal nisso!!!
A pequena aldeia Gaulesa era intransponível e César não conseguia dominá-la. A única coisa que deixa Abracurcix (o chefe da aldeia) acovardado é o medo do céu cair sobre a sua cabeça.
Obelix, fabricante de menires, amigo do Asterix e comedor de javalis inteiros, tem um cachorrinho, Ideafix, que não deixa ninguém maltratar as florestas…
Um brasileiro que também começou nas tirinhas, muito criativo com quadrinhos mais adultos, foi o Angeli e seus personagens urbanóides e sensacionais (Rê Bordosa, Bob Cuspe, Skrotinhos, Wood & Stock).
Alguns colecionadores e adoradores de gibis que conheci tinham centenas de revistas e raridades. Convivi com três desses “viciados”, porém discretos leitores de quadrinhos: Frank Granado (advogado e grande orador dos encontros anuais na redação de O Município, nas dependências do belíssimo sobrado da família Machado Veiga), Ério Silva (advogado, tabelião e colecionador de relógios e armas, restaurador do Clube Biquense) e Elcio Granado (Lanchonete Elgran, das vitaminas e produtor do melhor suco de laranja batido no liquidificador da região. Sua lanchonete era o point da cidade. Anos depois abriu outra lanchonete – Elvana – em frente a original, que viria a se tornar o maior fenômeno da night biquense: O Bar do Jorjão!).
Até hoje ainda leio esses quadrinhos e guardo alguns de lembrança.
Os anos passam rápidos…