Número de internações por Covid-19 cai 44% em Juiz de Fora
Quantidade de pacientes que ocupavam leitos em decorrência da infecção pelo coronavírus era de 110 nesta sexta-feira, enquanto que, há duas semanas, 197 pessoas estavam internadas
O painel de acompanhamento dos dados, disponibilizado no site da Prefeitura, também mostra que a quantidade de internações vem caindo desde o começo do mês. No dia 4 de fevereiro havia 261 pessoas hospitalizadas, quantidade superior que a registrada em 26 de janeiro, quando 197 pessoas ocupavam leitos em razão da Covid-19 em Juiz de Fora, elevando a taxa de ocupação para mais de 80% na ocasião. Entre essas duas datas, inclusive, o crescimento foi contínuo, passando a cair depois da primeira semana de fevereiro.
A queda no número de leitos ocupados na cidade acompanha uma tendência verificada nacionalmente. Em entrevista coletiva no dia 10 de fevereiro, o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, afirmou que o pico de infecções pela variante Ômicron já havia passado pelo estado, diminuindo o número de internações como consequência.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) reiterou que realiza monitoramento, acompanhamento e avaliação dos índices, examinando de perto a situação da pandemia. “Desde o início do mês, o município está em queda na procura de hospitalização por Covid-19, e a análise dos dados sugere uma tendência de queda nas internações”, pontuou.
‘Menos casos graves’
Ainda de acordo com a Prefeitura, a queda ocorre apesar da manutenção da média diária de casos confirmados, o que, para a pasta, aponta para os efeitos da maior cobertura vacinal. “Observa-se cada vez menos casos graves da doença, o que impacta diretamente na diminuição das taxas de ocupação. Ao complementar o esquema vacinal, o organismo produz maior número de anticorpos, prevenindo o agravamento da doença, hospitalização e morte.”
‘Novo pico é pouco provável’
Na análise do infectologista Rodrigo Daniel, atualmente, em Juiz de Fora, a redução no número de internações desacelerou, ficando estável. Isso, segundo ele, pode ter relação com o tempo de permanência dos pacientes internados, que pode estar mais prolongado, fator que se contrapõe ao número de casos confirmados, que não tem apresentado reduções significativas.
Rodrigo Daniel explica que isso pode estar associado ao aumento do volume de diagnósticos, tanto nos testes de pessoas com sintomas mais leves em farmácias, quanto por conta dos testes disponibilizados no Centro de Testagem no PAM-Marechal. Desse modo, pode não ter aumentado o número de casos efetivamente, mas sim o volume de diagnósticos. Outro dado importante, segundo o infectologista, é a positividade dos testes feitos pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed), que teve o percentual reduzido.
O momento atual tem características distintas do que o fim do ano apresentou, quando a introdução da variante Ômicron coincidiu com o período de festas, que causou o pico visto em fevereiro. “Podemos ter uma flutuação no número de casos, mas é pouco provável que tenhamos um novo pico associado ao carnaval, que represente um estrangulamento do sistema.” Caso ocorra algum impacto relativo à circulação durante a festa popular, ele só deve ser verificado de 15 a 21 dias depois do feriado.
Especialista alerta para a necessidade de equilíbrio
Seguindo a tendência nacional de diminuição da gravidade dos casos registrados em Juiz de Fora, é fundamental estar atento às informações sobre a pandemia e manter a cautela, sem exageros, de acordo com o médico pneumologista e professor da UFJF, Júlio Abreu. “O contágio pela Ômicron está diminuindo, isto é um fato. Caminhamos para uma situação de conviver com o vírus. Estamos deixando uma situação de pandemia para entrarmos numa fase de endemia”, explica.
De acordo com ele, a gravidade diminuiu. “A infecção pela Ômicron se assemelha muito mais a um resfriado do que a uma gripe, na qual os sintomas têm uma gravidade maior.” Ele reitera, no entanto, que ter uma tendência de uma prevalência de sintomas mais leves não significa a impossibilidade de haver quadros graves, inclusive entre as pessoas que já se vacinaram, mas que por algum motivo desconhecido não alcançaram a imunidade desejada. “Normalmente, a Covid agora é uma doença que desaparece em cinco dias quando está tudo bem. Mas se os sintomas continuam evoluindo por oito, nove, dez dias, há algo errado, e essa pessoa está caminhando para um quadro mais grave da doença, é um sinal de alerta, e é preciso procurar o atendimento médico.”
Com o aumento da circulação das pessoas, segundo o professor, também é natural que o vírus circule mais. A máxima, entretanto, reforça a necessidade de manter as medidas preventivas. “Acho que vamos caminhar para o que está acontecendo na Europa, com a retirada progressiva das máscaras, que serão mantidas para quem é mais vulnerável. (…) Perdemos tanto, que se tem algo que ganhamos, foi poder aprender a lidar melhor com todas as doenças virais. A gripe é uma doença grave para crianças muito jovens e idosos, por exemplo. Então vamos ter que caminhar para um novo comportamento, meio termo, não ter o exagero da proteção, tampouco o exagero total de exposição.”
Além disso, conforme o especialista, é preciso sempre estar informado sobre a doença para conhecê-la e saber reconhecer possíveis sequelas, como uma tosse que persiste ou alguma outra sequela. “Os sintomas mais persistentes nos casos graves atualmente são a tosse e a prostração. A pessoa não se recupera rápido, fica com um desânimo que vai além do normal, não consegue levantar da cama, sair para trabalhar. Essa é a pessoa que vai precisar de tratamento”, orienta Júlio Abreu.
Fonte: Tribuna de Minas