Namorado(s) da viúva
Ela vinha triste e impávida carregando flores ao lado do caixão daquele cidadão discreto que ia para a sua morada final. Durante o velório houve choro e ladainha na sala e no corredor. A bela viúva enlutada, quando o marido baixou sepultura, jogou uma flor na catacumba como prova de respeito e admiração…
Na volta do enterro, já se vinham fazendo prognósticos de como seria o comportamento da linda mulher, que se enviuvou antes de chegar na idade da loba.
As boas línguas apostavam que ela seguiria todo o ritual da viuvez. As más, não tinham dúvidas de que ela não iria perder tempo e, viúvo é quem vai para debaixo da terra.
Joaquim acrescentou: “É sabido por todos nós que as labaredas do pavio da lamparina do morto nunca foram suficientes para aquecer o vulcão que há dentro dessa bela mulher que está saindo da fase balzaquiana…”
Pouco tempo depois, um amigo da nossa turma relatou que havia feito uma visita de cortesia à sofrida viúva, e que quase se sufocou nas teias do leito aconchegante da tarântula.
No meio da conversa, Ronaldo, que também foi consolá-la, mostrou os arranhões nas costas feitos pelos desejos daquela mulher, que cada vez mais colocava para fora sua demanda reprimida.
Muitos tentaram conquistá-la, mas sem ser vulgar, ela reservava toda sua ira libidinosa para os poucos jovens sortudos, conhecendo finalmente o prazer do amor… Bicas pegando fogo.