Na Banca do Padula
Peguei meu álbum de figurinhas coladas com grude para ir à banca de revistas e não me esqueci de levar as repetidas num saquinho separado para trocar. Era uma rotina que alegrava não só a mim, mas a quase todas as crianças e muitos adultos daquela época. Lá chegando avistei uns moleques jogando “Poupinha” na beira da calçada.
No outro lado da rua, no ponto de táxis, Alvino Novaes atento lia o “Jornal dos Sports” colorido (rosa). Ouvi quando o Balanga perguntou se o Amarildo ia jogar contra o Vasco… Encostado no poste em frente ao Tabuleiro da Baiana, Manoel Soares discutia política com o Zé Vieira. Bilucho ia indo pra sua casa com um jornal enrolado debaixo do braço. Certamente ele ia ler sentado na sua confortável cadeira na varanda de sua casa, longe do burburinho…
Entrei na banca e pedi dez pacotinhos de figurinhas. Quem me atendeu foi Ione, sempre sorridente. Na outra ponta do balcão, Vivinha falou pra todo mundo ouvir: Marta Rocha de novo na capa do Cruzeiro? Zé Padula muito sacana brincou: Você prefere ela ou a Zezé Macedo? Chico Marques deu uma risadinha matreira. Eneida atendia dona Margot, que queria algo sobre tricô, mas não sabia explicar direito.
Pareceu-me que era sobre um novo tipo de lã… Quando eu ia indo embora jogar com a molecada na calçada, Betinho pediu para que eu abrisse os pacotinhos para ver se saia alguma repetida para trocarmos… Foi minha sorte, pois tirei uma carimbada. Sargento Adão viu e me ofereceu dez pacotes em troca. Era a que faltava pra ele ganhar uma enceradeira. Negociamos e entreguei por trinta. Antes de descer o degrau, vi a figurinha sendo colada com goma arábica na página do álbum do Sargento e ele dando risada… Bicas premiada.