Mulher trans de Astolfo Dutra faz cirurgia de redesignação sexual
Procedimento foi feito em Blumenau-SC, após determinação da justiça.
Por Marcelo Lopes
Fernanda Moreira Alves Gonçalves é costureira, tem 35 anos, mora em Astolfo Dutra, e acaba de se tornar a primeira mulher trans de sua cidade a conseguir na justiça o direito de fazer a cirurgia de redesignação sexual (mais conhecida como mudança de sexo) custeada pelo Estado e município. Para isso ela travou uma longa e cansativa batalha na justiça que teve início em 2013. Fernanda falou com a reportagem no dia seguinte à sua cirurgia, pela internet, de seu leito hospitalar.
A cirurgia foi realizada no último dia 1º de novembro, no Transgender Center Brazil, um hospital particular que fica em Blumenau-SC, referência em cirurgias como esta, pelo médico José Martins Júnior e sua equipe, conforme revelou Fernanda. O procedimento começou às 7h e terminou por volta das 14h sem nenhuma intercorrência, o que foi avaliado pela própria paciente como “um sucesso total”. Mesmo assim ela continuará internada até o próximo dia 15, quando está prevista a alta médica, informou.
Desde o dia em que decidiu começar sua luta para fazer a cirurgia de redesignação sexual, Fernanda não descansou. “Quando soube que este era um direito meu, fui correr atrás porque sabia que podia demorar, mas eu iria conseguir”, afirma. O processo foi longo e cansativo como ela mesma diz. “Foram muitas visitas à Secretaria de Saúde, consultas com psiquiatra e psicólogo que me forneceram os laudos técnicos necessários para o andamento do processo. E, também, contei com o apoio decisivo da Defensoria Pública em Cataguases, que sempre me apoiou e ajudou muito a chegar até aqui”, relata.
Fernanda revela que nunca se identificou com seu próprio sexo. “Como eu não me via naquele corpo, precisava me buscar, me encontrar e a cirurgia foi a solução, lembra. “Felizmente, eu recebi todo o apoio de minha família quando disse que queria fazer a cirurgia de redesignação sexual. E isso me ajudou muito, foi determinante para eu chegar aqui hoje”, acrescenta. Todo o procedimento foi acompanhado de sua mãe que está a seu lado desde o dia em que se internou em Blumenau. “Além disso, acredito que esta minha conquista poderá ajudar outras pessoas que não tem condições financeiras de custearem este procedimento, a alcançarem este objetivo”, acrescentou.
Feliz da vida com o resultado da cirurgia e seguindo à risca os protocolos médicos pós-cirúrgicos, Fernanda revela o que quer fazer: “Primeiro eu só tenho a agradecer a todos que me apoiaram. Sobre o futuro, vou colocar silicone nos seios, fazer uma harmonização facial e pretendo ajudar as pessoas que, assim como eu, querem fazer esta cirurgia. Para isso vou dar dicas lá no meu Instagram (@nandaalves) com o objetivo de facilitar o caminho delas”, finaliza.