Mulher que morreu após fazer hidrolipo pagou R$ 10 mil por procedimento
Mulher que morreu após fazer hidrolipo pagou R$ 10 mil por procedimento em SP
Paloma Lopes morreu após fazer procedimento em clínica no Tatuapé, na zona leste
Redação Terra
27 nov 2024 – 14h45 (atualizado às 20h18)
Paloma Lopes, que morreu após fazer uma hidrolipo em uma clínica na região do Tatuapé, zona leste de São Paulo, teria pagado R$ 10 mil para realizar o procedimento. Ela morreu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. O caso é investigado pela Polícia Civil.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou ao Terra que o caso ocorreu em uma clínica localizada na Avenida Conselheiro Carrão, chamada Maná Day. Após sofrer a parada cardiorrespiratória, Paloma foi socorrida e encaminhada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde teve a morte confirmada.
A ocorrência foi registrada como morte suspeita no 52º Distrito Policial (Parque São Jorge) e encaminhada para o 31° DP (Vila Carrão), que instaurou inquérito policial e apura todas as circunstâncias do ocorrido. Diligências foram realizadas para localizar e ouvir o médico que realizou o procedimento.
De acordo com a TV Globo, ela pagou a quantia de R$ 10 mil pelo procedimento e que todos os atendimentos antes da cirurgia foram feitos pela internet. A emissora ainda afirma que o médico Josias Caetano dos Santos, responsável pela cirurgia, afirmou que os exames apontavam que Paloma era saudável e que a cirurgia foi rápida.
“A paciente saiu da sala de cirurgia, foi levada até a recuperação pós operatória, eu entrei na minha sala, passaram poucos minutos e falaram que a paciente não estava passando bem. Eu parei tudo o que eu estava fazendo, e fui imediatamente até a recuperação”, relatou Josias.
O médico explicou que o enfermeiro disse que ela estava com falta de ar. “Cheguei lá e ela realmente estava com angústia respiratória, muita falta de ar”. O profissional a levou para a sala de cirurgia e Paloma teve uma piora no quadro.
“Ela ficou inconsciente, foi coisa de segundos. A gente começou a fazer massagem cardíaca, a gente começou a ventilar com aquela máscara de 0². Quando você tem um paciente em sofrimento por falta de oxigênio, é esperado que, com essas manobras, a pessoa já se recupere rapidamente. Não foi o que aconteceu”, afirmou.
O médico disse que a entubou e chamou o Samu e que ela saiu viva da clínica. A emissora também aponta que Josias já foi acusado de erro médico, mas seu advogado afirmou que vai prestar esclarecimentos.
“Josias não tem uma condenação penal em relação a erro médico, e todos os processos e inquéritos policiais que foram abertos, todos foram arquivados. Nós iremos prestar todos os nossos esclarecimentos devidos”, declarou Lairon Joe.
Paloma se apresentava nas redes sociais como master em extensão de cílios e divulgava seu trabalho por meio de fotos no Instagram, onde tinha mais de seis mil seguidores. O velório dela é realizado nesta quarta-feira, 27, no Cemitério e Crematório Memorial Bosque da Paz no Jardim Miriam, em Vargem Grande Paulista.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) manifestou preocupação sobre caso e reforçou que a “lipoaspiração, embora amplamente reconhecida como um procedimento seguro quando realizada de forma adequada, é uma cirurgia que demanda preparo técnico, infraestrutura adequada e a observância rigorosa das normas de segurança e ética médica”, disse o comunicado.
Leia a nota do Cremesp na íntegra:
A Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) manifesta sua preocupação em relação ao recente caso de óbito ocorrido durante uma lipoaspiração realizada em ambiente clínico. A perda de uma vida é sempre motivo de profundo pesar, e reforça a importância de reiterarmos as condições imprescindíveis para a realização de procedimentos cirúrgicos com segurança.
A lipoaspiração, embora amplamente reconhecida como um procedimento seguro quando realizada de forma adequada, é uma cirurgia que demanda preparo técnico, infraestrutura adequada e a observância rigorosa das normas de segurança e ética médica. Para garantir a segurança dos pacientes, é fundamental que:
1. O ambiente onde a cirurgia será realizada seja devidamente habilitado e liberado pelos órgãos de vigilância sanitária, com estrutura hospitalar que permita o manejo de eventuais intercorrências e suporte avançado de vida.
2. O cirurgião responsável possua qualificação adequada e habilitação específica para a prática de cirurgia plástica, registrada junto ao Conselho Regional de Medicina, sendo especialista reconhecido com Registro de Qualificação de Especialista (RQE).
3. A equipe médica e multidisciplinar envolvida esteja preparada para lidar com complicações e equipada com os recursos necessários para uma resposta rápida e eficaz a emergências.
4. O procedimento seja conduzido dentro dos mais altos padrões éticos e técnicos, com avaliação rigorosa do estado de saúde do paciente, indicação precisa do procedimento, e comunicação clara e detalhada dos riscos e benefícios envolvidos.
Reforçamos que a banalização de qualquer procedimento cirúrgico, por menor que ele possa parecer, é inaceitável. A DECISÃO DE REALIZAR UMA CIRURGIA PLÁSTICA SE INICIA NA ESCOLHA DO PROFISSIONAL E DEVE SER FEITA DE FORMA CONSCIENTE E SÓLIDA. Cirurgias plásticas, como a lipoaspiração, não são isentas de riscos, e tratá-las como procedimentos triviais compromete a segurança dos pacientes e contraria os princípios fundamentais da Medicina.
O CREMESP reafirma seu compromisso com a defesa da ética médica e com a proteção da saúde e segurança dos pacientes, e recomenda que todos os profissionais sigam as normas estabelecidas, zelando pelo exercício responsável da profissão.
Fonte: Redação Terra