MP denuncia por homicídio doloso dono de empresa de ambulância que matou 5 em acidente na BR-040
Denúncia difere do indiciamento da Polícia Civil, que havia apontando homicídio culposo no inquérito concluído em março. Batida completou quatro meses no domingo (21).
Por g1 Zona da Mata — Juiz de Fora
23/04/2024 19h01 Atualizado há 3 horas
A 1ª Promotoria de Justiça de Santos Dumont ofereceu denúncia contra o proprietário da Guardiões Resgate, Luciano Serrinha Craveiro, por homicídio doloso, no processo que investiga o acidente que matou cinco pessoas em um acidente na BR-040, em dezembro do ano passado.
A denúncia do Ministério Público, oferecida na última quarta-feira (17), difere do indiciamento da Polícia Civil, que finalizou o inquérito apontando homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Conforme a Promotoria, houve dolo por parte do proprietário da empresa.
O g1 tentou contato com a Guardiões Resgate, mas não recebeu retorno.
À TV Integração, a Polícia Civil já havia informado, em março, na finalização do inquérito, que a empresa foi negligente, devido às seguintes situações:
- o veículo estava sem licenciamento;
- os pneus estavam carecas;
- a manutenção do carro era feita em local não apropriado;
- o próprio dono atuava como motorista sem poder;
- a empresa não tinha responsável técnico;
- testemunhas relataram a falta de manutenção dos veículos.
Além disso, a empresa deveria apresentar as ambulâncias para a fiscalização da Prefeitura de Juiz de Fora a cada 30 dias, o que não acontecia. Após o acidente, o Executivo rompeu o contrato com a Guardiões Resgate e contratou a JF MED LTDA.
Segundo laudo pericial, o motivo da batida teria sido a condição da ambulância e perda de direção do veículo em tempo chuvoso.
Três mortes na hora e dois óbitos no hospital
O acidente aconteceu no km 736 da BR-040, em uma curva próximo à lanchonete conhecida como Perobas, em Santos Dumont, no dia 21 de dezembro.
Conforme a PRF, o motorista da ambulância seguia no sentido Rio de Janeiro, quando teria perdido o controle da direção e entrado na pista contrária. O veículo bateu na carreta, com placa de Conselheiro Lafaiete, que estava descarregada. Chovia no momento do acidente.
A ambulância fazia o transporte de Maiara de Freitas Cunha, grávida de 32 semanas, que voltava de uma consulta em Belo Horizonte. Ela e o marido, Marcelo Conceição do Santos, chegaram a ser socorridos e levados para o Hospital de Santos Dumont, mas não resistiram aos ferimentos.
Leonardo Luiz Neves da Silva, motorista do veículo, a enfermeira Alessandra Chagas Motta e a médica Daniela Moraes Miranda Reis, morreram na hora.
Um áudio enviado pelo motorista a familiares apontou más condições do veículo, que já havia recebido multas por mau estado de conservação e excesso de velocidade. Logo após o acidente, um ex-funcionário também denunciou a manutenção da frota.
“A ambulância não tinha uma manutenção, o veículo não parava para fazer manutenção. Se tivesse duas, três viagens seguidas, ela [ambulância] fazia. Talvez nos últimos três meses, ela não tenha passado por nenhuma manutenção, fazia o que a gente fala que é gambiarra. Tirava a peça de uma para colocar na outra. A porta lateral dela não estava abrindo, só a porta traseira, e ela estava com barulho muito forte na parte dianteira direita, na roda dianteira direita. Se você passasse de 60 a 70 km/h parecia que o carro ia desintegrar”, denunciou o ex-funcionário à época.
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