Maripá de Minas retorna com aulas presenciais na rede municipal

Retomada envolve quase 500 alunos e obedece protocolos sanitários do Ministério da Saúde

Por Gabriel Silva, estagiário sob a supervisão do editor Bruno Kaehler
23/02/2021 às 13h20- Atualizada 23/02/2021 às 14h30

Desde segunda-feira (22), a rotina de estudos de cerca de 476 alunos da rede municipal de ensino de Maripá de Minas, cidade distante 51 quilômetros de Juiz de Fora, se aproximou da realidade anterior à pandemia de coronavírus. Após um ano em aprendizado remoto, estudantes e profissionais do ensino retornaram às aulas presenciais na Escola Municipal Antônio Ferreira Martins e na Creche Municipal Geni de Castro Matos, seguindo os protocolos sanitários elaborados pelo Ministério da Saúde (MS).

De acordo com a Prefeitura de Maripá de Minas, o retorno acontece após semanas de diálogos com a comunidade escolar. O interesse pela retomada presencial partiu das famílias dos estudantes, conforme a Secretaria de Educação da cidade, sendo debatido com os funcionários das escolas e com os pais dos alunos da rede municipal. “Foi um processo que teve início ainda no ano passado. Os pais e os alunos começaram a demandar, junto à Prefeitura, uma nova medida em relação ao ensino”, relata o secretário de Educação do município, Ronaldo Antônio de Souza.

Desde então, a secretaria arquitetou uma assembleia com os funcionários das duas instituições de ensino e, posteriormente, uma consulta pública realizada junto à população do município. A proposta foi iniciar o ano letivo de 2021 com duas opções para os estudantes: a manutenção do ensino remoto, modelo que vigora desde o ano passado no município; e o retorno semipresencial, no qual uma parcela dos alunos assiste presencialmente as aulas em uma semana e folga na seguinte, quando a outra parte dos estudantes voltam para as salas. O projeto foi aprovado em 94% das 295 respostas recebidas na consulta pública, segundo a Prefeitura, que optou, portanto, por adotar o ensino semipresencial.

A volta acontece com cerca de metade da ocupação das salas de aula, envolvendo 83 alunos da pré-escola e 393 do Ensino Fundamental. A única instituição com Ensino Médio no município é a Escola Estadual Prefeito Walter Tezza, que é de competência da Secretaria de Estado de Educação do Governo de Minas Gerais e ainda não tem previsão de retorno presencial. De acordo com a Prefeitura de Maripá de Minas, nas escolas pertencentes ao município, os profissionais da educação foram preparados para a volta seguindo os protocolos sanitários. “A maioria dos professores são pais de alunos, e foi uma decisão da comunidade através de consulta pública, então o engajamento destes profissionais tem sido importantíssimo e muito bem aceito”, argumenta o secretário de Educação. Os funcionários também foram submetidos a testes de Covid-19 para retornar aos trabalhos.

Retomada semipresencial envolve quase 500 jovens da rede municipal de Maripá de Minas (Foto: Secretaria Municipal de Educação)

Situação de Maripá é muito singular, diz secretário

O retorno presencial vem sendo debatido nas últimas semanas em diversos municípios mineiros, inclusive em Juiz de Forachegando também ao Governo de Minas Gerais. A realidade epidêmica ainda causa receio em parte da população, sendo motivo de ameaça de greve do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação em Minas Gerais (Sind-UTE). No caso de Maripá de Minas, a situação de aparente controle da realidade epidemiológica do município é um fator que facilita as discussões pelo retorno.

Até o boletim epidemiológico municipal de segunda-feira, não havia pessoas infectadas pelo coronavírus em tratamento na cidade, tendo apenas quatro casos suspeitos. Desde março do ano passado, foram 125 pessoas contaminadas, com dois óbitos causados pela Covid-19. “O legado que Maripá deixa para os outros municípios é: chame os pais para a conversa. Eles são os mais interessados, são diretamente afetados, e têm que tomar a decisão. Nos municípios maiores, são outros problemas. Cada um vai ter que construir o seu projeto de retorno”, avalia Souza.

Município pode ser retirado do Minas Consciente

Em contato com a reportagem, a Secretaria de Estado de Educação afirmou que os municípios não são obrigados a informar ao Governo estadual sobre a reabertura das escolas municipais. No entanto, a pasta lembrou que “a retomada das aulas presenciais na educação básica, seja pública ou privada, foi autorizada em outubro, para os municípios que estão na onda verde do Plano Minas Consciente. Nesse sentido, os municípios que não seguirem as orientações estabelecidas poderão ser retirados do Plano”. 

Atualmente, Maripá de Minas está na onda amarela, a faixa intermediária do Minas Consciente. A onda verde é a terceira e a menos restritiva do programa. Sobre a possibilidade de ser excluído do programa estadual, o município, por meio da Secretaria de Saúde, afirmou que não foi notificado de nenhuma divergência. “Mas ocorrendo, buscaremos o diálogo com a esfera estadual visando a melhor solução. Não intencionamos abandonar o Plano Minas Consciente e por isso buscaremos esse diálogo para solucionar qualquer necessidade de ajuste.”

Fonte: Tribuna de Minas