Lembranças de uma lembrança
Outro dia estava na janela de minha casa olhando as montanhas das Gerais e me lembrei de uma visita que fiz aos meus pais em Bicas… Eu também estava na janela de casa observando o que restou do cafezal. Aquele que ficava por trás do barracão da Leopoldina. Logo, desviei a atenção para o burburinho do recreio dos alunos do Grupo Escolar Coronel Souza, pois minha casa ficava bem atrás.
Assim que o sino bateu, não resisti e fui até lá. Tentei esticar o pescoço para ver por cima do muro e não deu certo, mas olhei o portão lateral que ficava em frente à casa do Sr. Edson Pena e, como estava, aberto entrei. Do lado direito tinha um corredor que dava acesso às salas de aulas. Subi e fiquei observando as crianças… Perto do muro, uns garotos jogavam piões; ao fundo, do lado da horta, na divisa com o córrego, estava a turma da bolinha de gude, que corria solta…
No centro do pátio ficava a criançada do corre-corre. Debaixo daquelas imensas figueiras, as meninas pulando cordas e, na área coberta, um coral improvisado cantando: “Pirulito que bate-bate, pirulito que já bateu…” Meus olhos molharam levemente e o coral continuou: “Tra-lá-lá que gente é essa, trá-lá-lá que gente má…”
Uma funcionária se aproximou, eu me identifiquei e pedi para ir até à cantina… E fui atendido. Claro, não era mais a Dona Zenóbia, a merendeira chefe. Provei a merenda, que continuava com o mesmo sabor do meu tempo de criança…Bicas reminiscente.