Geralda Norato / Patrimônio Biquense
Perfis biquenses
Na década de 80, Chicre Farhat, escreveu várias crônicas para O MUNICÍPIO sobre personalidades biquenses, ressaltando nelas qualidades de caráter e de personalidade, muitas vezes despercebidos no dia a dia. Verdadeiras pérolas que, em novembro de 1983, foram reunidas em uma publicação lançada pelo prefeito Gilson Lamha. Posteriormente, Chicre continuou a usar sua brilhante mente para enaltecer outras personalidades. Assim sendo, em homenagem ao autor e aos seus personagens, tudo será republicado, a partir de agora.
Geralda Norato / Patrimônio Biquense
Geralda banqueteira, doceira, foliã. Geralda – patrimônio biquense.
Veio de uma família de músicos. O pai, o velho Norato, fundador da Banda Municipal de Bicas, ao lado do “seu” Arlindo, do ZÉ 25, e tantos outros, que tocavam em todas as solenidades, e no antigo coreto do jardim.
O irmão Noratinho, sucesso absoluto nos melhores conjuntos do Rio, com seu inimitável trombone de vara.
Mas artista maior é mesmo a Geralda, que vale por toda uma orquestra, pois toca todos os instrumentos.
Vamos homenageá-la pelo brilho de sua vida e o prazer que nos traz sua rica presença. O sorriso largo, que traduz bondade, otimismo e muita fé. Numa hora tão amarga e de disputa desenfreada, dos que só olham o próprio umbigo, convém exaltar Geralda para exemplo e consolo.
Era preciso que esta cidade se afundasse em fria ambição e na pior cegueira, para não trazer de público o profundo reconhecimento à querida amiga.
Obrigado Geralda pelo seu talento. Moça pobre, que não se encheu de rancor, deu a volta por cima, soube olhar para o alto, e venceu. Obrigado pela apurada sensibilidade de suas criações maravilhosas.
Quem não se extasia ante um bolo de casamento da Geralda? Seus doces saborosos e refinados. Quem não fica de água na boca com seus quitutes, o incrível tempero, os deliciosos salgadinhos, em todos os estilos. Onde você descobriu tantos segredos, Geralda? E suas fantasias de baiana? Existe demonstração de melhor bom gosto?
Se você tivesse nascida num grande centro, se não lhe faltasse apoio, outro seria seu destino.
Mas sei que seu coração é biquense, como biquense é sua modéstia e simplicidade. Você se contenta com pouco. Você quer é participar, ajudar, trazer alegria para todos. Você é a própria festa, e quer ser apenas nossa.
Por tudo, pela beleza de sua arte, pela inspiração quase divina, beijo-lhe a mão, comovido e grato por ser seu conterrâneo.
(Publicado no jornal O MUNICÍPIO, de 13 de março de 1983)